Em um vídeo de pouco mais de dez minutos, profissionais da área da beleza de Araçatuba fazem um apelo às autoridades para que sejam classificados como atividades essenciais e possam reabrir os seus estabelecimentos, seguindo os protocolos de segurança, para evitar a propagação do novo coronavírus.
A iniciativa de gravar o vídeo foi do Sindicato dos Cabeleireiros, Barbeiros e Similares de Araçatuba e Região. Um levantamento feito pela entidade aponta que pelo menos 14 salões de beleza fecharam as portas no município desde o início da pandemia, em março do ano passado.
“Muitos não têm condições de voltar à atividade, porque são pessoas que pagavam o aluguel do imóvel do salão e tinham ainda as despesas domésticas. Eles dependiam da renda do salão para sobreviver e ficaram desacreditados com tantas idas e vindas”, afirma a presidente do Sindicato Júlia Gomes de Oliveira.
A gravação contou com a participação de 18 profissionais da beleza e 14 apoiadores, entre advogados, empresários, representantes de entidades, médica e jornalistas. A intenção, segundo Júlia, é que a mensagem chegue ao prefeito Dilador Borges (PSDB) e aos vereadores. “Nós acreditamos que possa haver um meio termo, para que a atividade seja considerada essencial”, disse.
Reabertura
Os salões de beleza estão autorizados a reabrir a partir do dia 24 de abril, atendendo com 25% da capacidade, dentro da chamada fase de transição, que foi anunciada pelo Governo do Estado na última sexta-feira (16). Mesmo assim, o Sindicato considera que há uma insegurança, pois não se sabe se o setor terá de fechar novamente, caso os indicadores da pandemia voltem a crescer.
“O problema é que abre e depois fecha de novo, e este abre e fecha prejudica muito o setor. Nós somos essenciais, sim, trabalhamos com a autoestima das pessoas, e podemos trabalhar com medidas de segurança e sem aglomeração”, defende a sindicalista.
A categoria também pede isenção de impostos, água e gás, além de ajuda para honrar outras despesas, como aluguéis e salários, haja vista que ficou sem poder trabalhar e acumulou dívidas no decorrer da pandemia.
Segurança
O cabeleireiro e maquiador Nelson Locatelli, que atua no setor da beleza há 35 anos, afirma que os salões investiram na segurança dos clientes com a adoção de rígidos protocolos sanitários.
“Nós temos mais segurança dentro dos salões, no nosso ambiente de trabalho, do que no atendimento a domícilio”, afirmou. “Fazemos a higienização entre um cliente e outro, atendemos com horário marcado, sem aglomerações e com distanciamento entre as pessoas. Para adotar estes protocolos, fizemos mais dívidas e tivemos de fechar de novo”, completou.
Segundo ele, o vídeo foi gravado para que o setor seja enxergado pelos governantes como uma categoria importante para a economia, que gera emprego e renda. Locatelli disse que está conseguindo sobreviver com economias e que sua situação está menos difícil do que a de muitos colegs porque não é mais empresário, é prestador de serviço em uma grande empresa.
Ele reconhece que os empresários estão em uma situação delicada, com dificuldade para honrar os compromissos. “Os empresários estão desemparados e necessitam de ajuda governamental”, disse.
A proprietária de salão e cabeleireira Wanda Arjona, que atua no setor da beleza há 35 anos, disse que mais de 2 milhões de famílias se sustentam do segmento no Brasil. “Nós somos essenciais, sim”, defendeu.
O cabeleireiro Chiquito, que também atua na área da beleza há mais de 30 anos, também defende que o setor é essencial. “Nós trabalhamos com a autoestima e o bem-estar dos clientes que nos procuram. Eu vivo do mercado da beleza, precisamos de apoio de de reconhecimento”, disse.
Apoiadores
Dentre os apoiadores do manifesto do profissionais, está a advogada Samantha Pinheiros, para quem a classificação da atividade da beleza como não essencial tira o direito destes profissionais de darem uma manutenção básica a suas famílias e o direito de estarem adimplentes com obrigações já assumidas.
“Isso é manchar a honra desses cidadãos, por isso apio que as atividades dos salões de beleza e similares sejam essenciais”, argumentou.
A empresária Ofélia Arantes também apoia a causa. “Os profissionais de beleza dão mais cor, mais alegria, e nós estamos precisando disso nesse momento”, disse.
A médica Dulce Marques de Oliveira também participou do vídeo e argumentou que os salões de beleza cumprem todos os cuidados de higienização. “Nesta época que nós estamos vivendo, nossa autoestima está muito mexida, e os profissionais da beleza nos ajudam com isso. Por favor, repensem isso”, pediu.
Já a socialite e advogada Marina Xandó disse que milhares de pessoas estão vendo seus rendimentos profundamente abalados, com o fechamento provisório de seus estabelecimentos.
“Eu apoio a causa destes profissionais que dependem disso para o seu sustento de consequentemente de toda a sua família, desde que sejam respeitadas, obviamente, todas as medidas sanitárias de segurança, com o uso de máscara e distanciamento social”.