O Hemocentro de Araçatuba realiza uma campanha de doação de plasma sanguíneo de pacientes que tiveram Covid-19 e estão recuperados há pelo menos 30 dias.
A ação faz parte de um estudo do Butantan que consiste na utilização do hemocomponente, por meio de transfusão, em pacientes que estejam infectados há, no máximo, 72 horas e tenham maior risco de desenvolver a forma mais grave da doença, como idosos e pessoas com comorbidades, como diabetes, asma e hipertensão.
O plasma é a parte do sangue que armaneza grande concentração de anticorpos e a ideia é inibir a replicação do vírus nos pacientes que acabaram de se infectar, por meio da transfusão. A expectativa é que eles não desenvolvam a forma grave da doença e não precisem de internação.
Um estudo realizado anteriormente utilizou o plasma em pacientes a partir dos sete dias dos sintomas, mas não houve mudanças na gravidade nem na letalidade da doença, por isso os pesquisadores, agora, querem fazer a transfusão do plasma logo nos primeiros três dias de sintomas de Covid.
O médico hematologista Gabriel Macedo Cortopassi, diretor do Hemocentro de Araçatuba, explica que o tratamento com plasma pode ser feito mesmo antes de o resultado do exame Swab (teste do cotonete) sair. “Se o paciente tem sintomas como febre, coriza e dor de garganta, pode lançar mão da transfusão do plasma, desde que tenha comorbidade ou seja idoso”, explicou.
O plasma doado em Araçatuba será enviado para o Hemocentro de Ribeirão Preto e utizado, inicialmente, em pacientes de Araraquara e Santos. “Mas nada impede que seja usado em paciente de Araçatuba. Para isso, o médico deve entrar em contato com a equipe médica, em Ribeirão Preto, que vai avaliar caso a caso”, disse Cortopassi.
A fase clínica da transfusão sanguínea vai ser realizada nos proximos dois meses. Depois, os pesquisadores irão avaliar os resultados. A expectativa é que os pacientes que receberem o plasma tenham a forma menos grave da doença e não precisem de internação.
Como é feito
Para fazer a doação de plasma, a pessoa tem que estar há 30 dias recuperada dos sintomas e há menos de 60 dias do diagnóstico. Os requisitos para doar são os mesmos para uma doação de sangue normal, com a ressalva de que, neste caso, o doador não pode ter recebido transfusão do sangue em nenhum momento da vida e as mulheres não podem ter tido filhos.
Isso ocorre porque, nestes casos, pode haver a criação de anticorpos contra leucócitos, o que pode causar reações pulmonares em quem receber o plasma.
Conforme o médico hematologista, o procedimento para a doação de plasma é o mesmo de uma doação normal. Depois de passar por uma entrevista e ser constatado que não há nenhuma contraindicação, é feita a coleta do sangue numa bolsa. Este sangue vai para um aparelho que faz a separação dos hemocomponentes (hemáceas, plasma e plaquetas).
O plasma é enviado para Ribeirão Preto, para a transfusão em pacientes com Covid. Os demais componentes serão utilizados pelo Hemocentro de Araçatuba, que fornece bolsas de sangue para hospitais dos 43 municípios da região, e encontra-se com estoques abaixo do mínimo dos tipos sanguíneos O negativo e A negativo.
Com a pandemia, o número de doadores caiu. Antes, era de 1,1 mil por mês. Hoje, está em 900 doadores mensais, o que impactou o estoque de sangue no Hemocentro.
Para doar o plasma é preciso:
- Ter tido confirmação de infecção pelo novo coronavírus
- Intervalo de pelo menos 30 dias após a recuperação da Covid-19 e de até 60 dias do início dos sintomas
- Critérios de seleção padrão para a doação de sangue
- Ter boas condições de saúde
- Ter entre 16 e 69 anos
- Pesar no mínimo 50 kg