Guerreira, Ruth Roberta de Souza buscava os mais difíceis rebotes para o Brasil. Foram anos e anos defendendo a Seleção Brasileira feminina com seu talento e garra. Nesta terça-feira, 13 de abril, às 6h30 da manhã, Ruth nos deixou aos 52 anos, por complicações da Covid-19. Ruth estava internada desde o início do mês, chegou a apresentar um quadro de melhora, mas suas funções vitais pioraram nos últimos dias.
Ruth teve uma passagem por Araçatuba em 1992, quando jogou pelo time local, do qual era capitã, e conquistou o campeonato sul-americano de basquete. A ex-jogadora Cláudia Crepaldi, que jogou com a Ruth na seleção brasileira juvenil, disse que a amiga era diferenciada dentro e fora das quadras.
“Perdemos uma grande pessoa, uma amiga e uma referência mundial do basquetebol feminino. Sabemos que nossa vida neste mundo é uma passagem rápida e o que fica é o carinho e o que construímos como ser humano. Ela foi assim, um grande ser humano”, afirmou.
Trajetória
A trajetória de Ruth Roberta de Souza começou em Três Lagoas (MS), sua terra natal, aos 13 anos. Sua vida mudou ao participar de uma partida em Andradina (SP) e ser vista pelo irmão da então técnica da seleção brasileira de basquete, Maria Helena Cardoso, e foi convidada para jogar em Piracicaba, aos 16 anos.
Ruth fez parte de uma das gerações mais vitoriosas do basquete feminino brasileiro. Ao lado de jogadoras como Paula e Hortência, foi campeã do Pan-Americano de Havana, em 1991, quando a equipe bateu Cuba na final e recebeu as medalhas no pódio diretamente do presidente do país, Fidel Castro.
A ex-atleta também jogou na Olimpíada de 1992, em Barcelona, a primeira da Seleção feminina. Dois anos depois, conquistou o maior título de sua carreira, o Mundial de Basquete pelo Brasil, na Austrália, quando a equipe derrotou os Estados Unidos na semifinal e superou a China na decisão para ficar com o título mundial.
Após deixar as quadras, Ruth virou treinadora de equipes em Três Lagoas e participava com frequência de eventos promovidos pela Confederação Brasileira de Basquete (CBB). Recentemente, participou de uma reunião com todas as jogadoras campeãs mundiais de 1994, num evento no interior de São Paulo, antes da pandemia da Covid-19.
Falecimento
A notícia do falecimento foi confirmada pela família que Ruth, que através de uma sobrinha, vinha atualizando suas redes sociais com informações sobre o quadro de saúde de Ruth: “É com pesar que Nely e Rubens informam o falecimento da minha irmã Ruth Roberta de Souza, hoje, às 6h30 da manhã. Agradecemos às orações, agora ela descansou”.
A vice-presidente da Confederação Brasileira de Basketball, Paula Gonçalves, a Magic Paula, falou sobre a perda de Ruth, além de companheira, uma amiga. “Perdi uma amiga, com uma história de vida de muitos desafios, mais jamais perdeu sua doçura e sempre com seu jeito humilde e eficiente na convivência em grupo. Dia muito triste para mim. Ruth fazia parte da minha família e sempre recebida com carinho, como merecia. Que ela faça esta passagem com muita luz”, disse Magic Paula.
Em vida, Ruth recebeu diversas homenagens da Confederação Brasileira de Basquete nas últimas duas décadas, sempre em referência à sua garra em quadra, seu carisma, entrega e dedicação ao esporte. “Ruth deixa um exemplo de como é possível combater o bom combate, ser firme, raçuda em quadra, defender as cores do Brasil, mas sem perder o Fair Play.”, afirmou a Confederação Brasileira de Basquete.