O bombeiro Cláudio José Azevedo de Assis, de 55 anos, suspeito de incendiar a sede do jornal Folha da Região, em Olímpia (SP), confessou o crime na quarta-feira (31) e deve responder em liberdade. O incêndio ocorreu no último dia 17.
Além da sede do jornal, o local também abriga um portal e uma rádio, e no andar de cima, a residência do jornalista José Antônio Arantes, de 62 anos. No dia do incêndio, o jornalista, sua mulher e uma neta estavam na casa dormindo. Eles acordaram com o latido dos cachorros e conseguiram apagar as chamas.
Conforme a Polícia Civil, o bombeiro municipal afirmou que não aceitava as medidas de restrição à Covid-19 defendidas pelo jornalista proprietário dos veículos. O combustível usado no incêndio foi jogado na porta do jornal e um balde com o restante do líquido foi abandonado no local.
De acordo com o delegado Marcelo Pupo de Paula, imagens de câmera de segurança mostram Assis saindo de sua casa em uma moto, com uma mochila nas costas, às 4h10 do dia 17. O crime ocorreu minutos depois.
Após o crime, o bombeiro viajou para Linhares (ES) e retornou na quarta-feira (31). A polícia foi até a residência dele e encontraram a moto, uma mochila e o capacete que o suspeito usava no dia do crime. Os itens foram apreendidos.
“Confrontamos a mochila que está apreendida com as imagens do dia do incêndio e não houve nenhuma dúvida de que era a mochila utilizada. Depois, o advogado me ligou dizendo que estava com ele no escritório e que ele queria confessar o crime”, disse o delegado de Olímpia à Folha.
Bombeiro não foi preso
Segundo o delegado, o bombeiro confessou o ataque, mas a investigação não está concluída. Assis responderá inicialmente pelo crime de incêndio. Para os investigadores, falta ainda descobrir se há ou não um mandante e outras pessoas envolvidas no crime.
Ainda conforme o delegado, Assis não teve prisão decretada por ter feito uma confissão espontânea. “Não vou pedir por ora, mas não descarto num futuro próximo se entender necessário”, afirmou. Há mais de 20 anos, Assis atua na unidade local do Corpo de Bombeiros.
Em um comunicado, a Prefeitura de Olímpia manifestou “repúdio à conduta” do servidor público. A administração municipal informou ainda que o afastou de suas funções e vai instaurar um processo administrativo.
“Em depoimento, entre as causas, o servidor cita motivações políticas e administrativas e, inclusive, faz ameaças a governantes, com ênfase na figura do prefeito municipal. Diante da gravidade do fato, o município informa que irá afastar o servidor de suas funções e instaurar um processo administrativo para apurar a ocorrência, tendo em vista que, mesmo que seja uma ação particular ocorrida fora do expediente, o ato é totalmente incompatível com os princípios do cargo público que o mesmo ocupa”, diz trecho do comunicado.
A prefeitura ainda informou que desde o início tem colaborado com as investigações policiais. A Folha não conseguiu ouvir a defesa do bombeiro na noite desta quinta-feira.