A Santa Casa de Araçatuba enfrenta a escassez de anestésicos e corre o risco de ter que fechar leitos de UTI Covid caso não consiga o fornecimento destes medicamentos, cujo consumo aumentou consideravelmente com o elevado número de pacientes graves de Covid-19 que necessitam de intubação.
Antes da Covid, o hospital utilizava 100 ampolas de um tipo de anestésico por dia. Hoje, usa 600 ampolas para intubar e manter inbubados os pacientes graves que necessitam de ventilação mecânica.
Os pacientes mais graves não conseguem respirar e precisam de uma ventilação forçada, onde o aparelho joga o ar para dentro do pulmão e o retira. Para que o aparelho funcione adequadamente, o paciente não pode ter resistência, por isso precisa estar sedado, insconciente.
O diretor técnico do hospital, médico Giulio Coscina Neto, explica que a Santa Casa já estava fazendo contingenciamento no uso de anestésicos, ao suspender as cirurgias eletivas (agendadas). Em relação às cirurgias de emergência, o hospital está avaliando os casos mais graves, para priorizá-los, pois, sem sedativos, não tem condições de atender todos os pacientes.
Mesmo assim, o consumo está numa crescente, devido à grande quantidade de pacientes intubados que necessitam destes medicamentos. O Hospital tem 35 leitos de UTI e todos estão ocupados, nesta segunda-feira (29).
“A situação é crítica, não existe anestésico para comprar. São usados três tipos para intubar e manter o paciente intubado e as empresas que fabricam não estão dando conta. O consumo triplicou em todo o País e o governo estadual se apossou de uma quantidade grande para distribuir para os hospitais”, afirmou o diretor-técnico da Santa Casa.
Ele disse que o hospital também recebeu anestésico do governo do Estado, mas em quantidade mínima, suficiente apenas para dois dias.
Segundo ele, a Santa Casa corre o risco de fechar leitos de UTI Covid e encaminhar os pacientes já intubados para outro hospital que possa mantê-los sedados. “Não temos condições de manter uma UTI onde o paciente precisa ficar intubado sem ter o anestésico”, explicou.
Coscina Neto afirmou, ainda, que está trabalhando com o município e o Estado para tentar achar uma solução. Uma delas seria a importação de anestésicos, neste período crítico.
Prefeitura
A Secretaria Municipal de Saúde de Araçatuba enivou cópia do ofício encaminhado pela Santa Casa, no qual relata o problema, ao Governo do Estado e ao Ministério da Saúde.
A secretária de Saúde, Carmem Guariente, vai acompanhar o andamento através do Cosems (Conselho Estadual de Secretarias Municipais de Saúde) e Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde).
Além desta ação, a secretária também conversou com o diretor do DRS II (Departamento Regional de Saúde), uma vez que não há apenas pacientes de Araçatuba internados na Santa Casa, para que ele dê todo o apoio diante dos órgãos competentes.
Carmem Guariente esclarece que a falta do medicamento ocorre porque o Ministério da Saúde não tem uma política de distribuição adequada, que atenda às necessidades da região.