O Covid-19 fez três vítimas da mesma família em Jales/SP (há 100 km de Andradina). Pai, filha e genro, João, Maria e Éder, respectivamente, foram sepultados em um intervalo de 23 dias.
O drama da família comoveu a cidade e motivou manifestações como a do internauta, Reginaldo Viota, amigo da família que manifestou sobre o caso no Facebook.
“No dia 02/02/2021, depois de dias recebendo notícias e acompanhando todo o processo, o telefone toca no final da noite, era a Maria, com a notícia de que o João, seu pai, era mais uma vítima fatal da COVID. A Iracy, esposa do João, também estava internada em Rio Preto, em tratamento de COVID. A Maria estava sozinha em casa e o Éder, seu esposo na UPA, pois não passara bem.
Me dirigi a casa da Maria e de lá segui para tomar algumas providências, dentre elas, reconhecer o corpo do João e ser o único a tê-lo visto pela última vez. Enquanto aguardava o preenchimento da declaração de óbito, ouço o telefone tocar e, fico sabendo que uma vaga acaba de ser disponibilizada para internação do Éder. No outro dia, às 10h, sem velório, sem despedida, o corpo do João é sepultado. Do carro, sem poder descer, pelo momento vivido e suas condições físicas, Maria assiste a urna com o corpo de seu pai desce a sepultura.
Poucos dias depois Iracy recebe alta e volta pra casa. O Éder continua internado e Maria se esforça para ajudar a mãe nesse tempo, tendo em vista a limitação de ambas. O quadro do Éder se agrava e precisa ser intubado. A Maria que falava com ele todos os dias, fica privada de apenas receber notícias de seu quadro. Os dias passam e a Maria também precisou ser internada. Saiu de casa confiante, como tantas outras pessoas, mas seu quadro se agravou rapidamente.
Nove dias se passaram da internação e a notícia mais difícil pra uma mãe receber, chega, “Maria veio a óbito”. Lá vamos novamente tomar as providências necessárias e, após 21 dias da morte do pai, ver a filha ser sepultada ao seu lado. Em 21 dias pai e filha foram tirados de uma família. Na madrugada da quinta-feira, 25 de fevereiro, o Éder também veio a óbito.
O João partiu aos 85 anos de idade, tendo trabalhado até o último dia antes de sua internação. Um homem sereno, cheio de fé e dedicado a Deus. Pai e esposo exemplar e, um amigo sem igual. A Maria partiu aos 52 anos, tendo lutado toda a vida para vencer uma severa diabete. Fez todo tipo de tratamento, investiu o que tinha e não tinha, tanto ela, como os pais para encontrar a cura. Amputou as duas pernas, conseguiu as próteses e lutou até o final. Tinha sonhos, planos e almejava ir muito mais longe. Era de um coração bom e sempre pronta a servir e ajudar. Amiga de todos e de uma história que nos inspira. Éder, de 52 anos, foi sepultado em Fernandópolis, pois a família dele era de lá!
Vivi e vivo toda esta história. E só Deus sabe a dor que nos acomete, mas sei que o adeus de hoje é um até breve para aqueles que crêem em Jesus Cristo e aguardam a vida eterna, afinal, nem morte, nem vida, poderão nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Não brinque com esse vírus. Não seja irresponsável. Há dores que jamais terão bálsamo suficiente para curar. Estamos em uma guerra invisível.”