Um homem foi preso em flagrante pela Polícia Militar, na noite desta segunda-feira (29), em Araçatuba (SP), ao tentar aplicar o já conhecido golpe do cartão bancário que tem feito vítimas, principalmente idosos, em vários estados brasileiros.
O estelionatário foi interceptado pela PM no momento em que tentava pegar os cartões já na casa da vítima, no bairro Vila Bandeirantes, nas imediações do terminal rodoviário da cidade.
Apresentado no plantão policial, o golpista foi autuado em flagrante e permaneceu à disposição da Justiça. O indiciado tem 33 anos e é da cidade de Praia Grande, no litoral paulista.
A polícia acredita que ele estava na região para aplicar esse tipo de golpe. O caso continua sendo investigado e a polícia vai tentar identificar outros outros possíveis comparsas do criminoso. O nome dele não foi divulgado pela polícia em razão da lei de abuso de autoridade.
Isolados pela pandemia do coronavírus, os idosos têm sido cada vez mais vítimas desse golpe que une esperteza e sangre frio. Como o caso que ocorreu em Araçatuba, quadrilhas de estelionatários se fazem passar por funcionários de bancos para obter senhas e recolher cartões de débito e crédito das vítimas.
O golpe
De acordo com a polícia, para convencer, os fraudadores telefonam sempre para um telefone fixo. Alegam que foram realizadas compras indevidas em nome do idoso ou mesmo que o próprio cliente fez alguma transação errada com o cartão.
No passo seguinte, os golpistas colocam medo nas vítimas dizendo que elas podem ter o CPF prejudicado ou mesmo cancelado e que isso pode, inclusive, gerar processo na justiça, inclusão do nome no SPC, o que não passa de parte do golpe.
Para resolver a situação, o golpista, se passando por funcionário de banco, da Febraban (Federação Brasileira de Bancos, ou mesmo da polícia, diz que vai ajudar o cliente. Em seguida, o fraudador oferece as opções de buscar os cartões na casa da vítima, por meio do envio de um funcionário ou policial. Em alguns casos, o golpista diz para o cliente cortar o cartão ao meio. Mas, o que muitos não sabem é que os bandidos realmente querem é o chip, que fica em um dos cantos do cartão.
Em alguns casos, quando o cliente oferece um pouco de desconfiança, o estelionatário diz que a vitima precisa ligar para o telefone o 0800 da operadora que aparece atrás do cartão. Só que em vez de desligar, o golpista segue na linha, que, assim, fica bloqueada.
Depois de colocar o telefone no gancho, a vítima chama para o número indicado, acreditando estar iniciando uma nova conversa. E cai no golpe, ouvindo uma gravação automática rodada não pelo call center da operadora, mas pelo próprio bandido.
Assim, o golpista acerta o repasse da senha, e a entrega do cartão para alguém da quadrilha. Foi nessa fase que o estelionatário preso em Araçatuba caiu nas mãos da Polícia Militar.
Após acertar a entrega do cartão por telefone, a vítima desconfiou de algo errado e ligou para o telefone 190 do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar). Equipes da PM, compostas pelos sargentos Gomes e Bispo , cabo Pereira e soldados Evangelista e Corazza, foram até o local e prenderam o golpista na frente da casa da vítima.
Em Araçatuba, foram registrados pelo menos oito golpes desse tipo desde o início do ano. As vítimas têm perdido valores que variam entre R$ 2 mil e R$ 10 mil. De acordo com a polícia, os golpistas são contundentes nas argumentações e pegam as vítimas em situação de vulnerabilidade com a informação de que pode ter o nome incluído no cadastro do SPC e que pode vir a responder processo na Justiça.
Segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), esse tipo de golpe vem ocorrendo, em menor escala, desde 2018. Mas aumentou 65% durante a pandemia. A orientação aos clientes de cartões de crédito é clara: Se você receber esse tipo de ligação, desligue imediatamente, e ligue para o seu gerente. O banco não tem nenhum serviço de motoboy para retirada de documentos. E, se o cliente for inutilizar o seu cartão, danifique o chip e não apenas corte-o ao meio.
Em outro tipo de golpe também praticado no Brasil, o criminoso liga para a casa do cliente, diz ser do banco e pede para confirmar algumas informações, como dados pessoais e senhas. Ao fornecer informações pessoais e sigilosas, como a senha, o consumidor expõe sua conta bancária e seu patrimônio aos golpistas. Há também casos em que o fraudador se apresenta como um “funcionário do banco” e pede e pede para o cliente realizar uma transferência como um teste. Os bancos ressaltam que nunca ligam para clientes para realizar transações.
Durante o período de quarentena, as instituições financeiras chegaram a registrar aumento de mais de 80% nas tentativas de ataques de phishing, ataque que se inicia por meio de recebimento de e-mails que carregam vírus ou links e que direcionam o usuário a sites falsos, que, normalmente, têm remetentes desconhecidos ou falsos.
Dicas de segurança
Uma campanha em curso da Febraban contém postagens e vídeos com dicas sobre como se proteger dos principais golpes aplicados atualmente contra os clientes bancários. Serão reforçadas mensagens e orientações como:
– O banco nunca liga para o cliente pedindo senha nem o número do cartão
O banco nunca vai mandar alguém para a casa do cliente para retirar o cartão
– O banco nunca liga para pedir para realizar uma transferência ou qualquer tipo de pagamento
– Ao receber uma ligação dizendo que o cartão foi clonado, ou algo assim, o cliente deve desligar, pegar o número de telefone que está no cartão e ligar de outro telefone para tirar a limpo essa história
– Recebeu um SMS ou e-mail do banco com um link? Apaga e ligue para o seu gerente
– Multiplique os cuidados e não passe sua senha a ninguém.