Com o agravamento da pandemia da Covid-19, todas as regiões do Estado entrarão na fase vermelha do Plano São Paulo a partir da zero hora deste sábado (6), segundo apurou o Estadão. A decisão será anunciada às 12h45 desta quarta-feira (3), pelo governador João Doria (PSDB), em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.
A classificação é a mais restritiva do plano de flexibilização da quarentena, pois veta a abertura de restaurantes, academias e outros estabelecimentos considerados não essenciais. Como adiantou o Estadão, as escolas seguirão abertas.
Segundo dados do governo estadual, São Paulo tem 2.054.867 casos e 60.014 óbitos por covid-19. Na terça-feira, 2, foram confirmadas 468 mortes causadas pela doença, o maior registro feito no Estado desde o início da pandemia. A ocupação de UTI é de 75,3%, média que é 76,7% na Grande São Paulo. Em leitos de enfermaria, a taxa é de 56,8% em todo o Estado, enquanto é de 63,5% na região metropolitana da capital.
Em parte do interior de São Paulo, a ocupação de UTI é ainda maior, chegando a até 100%. Como noticiou o Estadão, além da tentativa de abrir novas vagas, secretarias de saúde de municípios como Araraquara e Bauru transferem pacientes para evitar colapso de seus centros médicos. Na capital paulista, parte dos hospitais privados, como o Albert Einstein e o São Camilo, também estão com os leitos de terapia intensiva totalmente ocupados.
Escolas
Esta é a primeira vez, durante a pandemia, que São Paulo manterá as escolas abertas na fase vermelha, algo que teve como exemplo países europeus, como França, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca e Suécia, além de Cingapura.
A visão de que a escola – desde que cumpra protocolos sanitários e de distanciamento social – não é um local de grande transmissão para a covid-19 foi se fortalecendo ao longo dos últimos meses, com estudos científicos que analisaram casos na educação presencial em vários países. Além disso, outras pesquisas também indicaram que as crianças se infectam menos e transmitem menos o vírus.
Mesmo assim, o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, teve de insistir internamente no governo para que seu entendimento de deixar escolas abertas prevalecesse. Em dezembro, ele conseguiu publicar um decreto garantindo que a educação permanecesse funcionando em todas as fases do Plano São Paulo.
Nesta semana, com a piora da pandemia e a possibilidade de novas restrições, novamente o assunto se mostrou polêmico dentro da gestão Doria. O secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn, deu declarações em que defendeu o fechamento das escolas e não de outros serviços. A entrevista causou mal estar no governo e a secretaria da Saúde teve, a pedido do Palácio dos Bandeirantes, de publicar uma nota dizendo que se tratava de uma opinião pessoal do secretário.
A interlocutores, Doria tem dito que quem decide sobre o fechamento de escolas é o secretário de educação, o que deu força a Rossieli. Ele tem ao seu lado alguns integrantes do centro de contingência contra a covid-19, como pediatras, que têm defendido também a manutenção da escola pelo prejuízo mental e de desenvolvimento das crianças.
O Brasil é um dos países do mundo que mais ficou com escolas fechadas, passando de 260 dias. Outros, considerados exemplos da educação mundial, como Reino Unido e Alemanha, pararam escolas por menos de 90 dias.