O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), recuou e não anunciou novas medidas restritivas para a fase emergencial da quarentena contra Covid-19, em vigor deste a última segunda (15). Porta-vozes do setor de saúde do governo estadual defenderam que é preciso esperar para verificar os impactos das restrições que já foram adotadas.
Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (17), Doria anunciou um pacote econômico com redução de impostos e abertura de novas linhas de crédito para empresas afetadas pela pandemia. Na manhã desta quarta, no entanto, o governador disse que anunciaria “medidas adicionais” na coletiva.
Na coletiva de imprensa, os porta-vozes do Centro de Contingência para a Covid-19, grupo de médicos e cientistas que orientam a gestão estadual, reforçaram as restrições e recomendações que estão valendo desde segunda-feira, como a sugestão do escalonamento de horários para o transporte público. No entanto, não foram implementadas medidas adicionais ou novas.
Paulo Menezes, coordenador deste grupo de médicos e cientistas, defendeu que é preciso esperar para verificar os efeitos das regras adotadas desde segunda (15).
“Semana passada já foram tomadas medidas muito firmes e que impactam a vida da grande maioria da população de São Paulo, no ganha pão de cada um, e nós precisamos de algum tempo para poder observar o impacto dessas medidas. Nós estamos acompanhando e, ao mesmo tempo, estamos discutindo se houver necessidade de outras medidas, quais seriam essas medidas”, disse Menezes.
João Gabbardo, que também integra o comitê de saúde, declarou que ainda não houve tempo para medir o reflexo das restrições já implementadas no número de casos, mortes e internações por Covid-19. Ele afirmou ainda que o governo não pode anunciar medidas novas a cada dia.
“Nós precisamos aguardar o resultado dessas medidas que, no nosso entendimento, já estão dando efeito. Agora, este efeito de aumento no distanciamento físico das pessoas, só vai refletir numa diminuição de casos, mortes e internações, num determinado tempo. Então nós precisamos aguardar porque, se não, a cada dia nós vamos implementar uma nova medida. Não pode ser assim”, disse Gabbardo.
Questionado sobre a adoção de medidas mais duras, o governador disse, durante a entrevista coletiva, que adota as recomendações dos médicos que compõem o Centro de Contingência para a Covid-19 e que, no governo estadual, não há espaço para “extremistas de um lado ou de outro”.
“Tudo aquilo que o centro de contingencia nos recomendar, nós adotaremos. Se o centro recomendar medidas mais duras, nos próximos dias, nós adotaremos. Aqui não há posição contrária, nem posição do governo, nem posição da economia, nem da política, nem da Alesp, nem da imprensa, nem de nenhum setor, e muito menos de extremistas, de um lado ou de outro. O que a saúde recomendar, nós adotaremos”, disse Doria.
Mais cedo, Doria disse que anunciaria na coletiva “as medidas adicionais que certamente terão de ser adotadas” . A declaração foi dadas pelo governador na sede do Instituto Butantan. Doria esteve no local e acompanhou o envio de 2 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde. Na ocasião, ele fez críticas ao novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.