Um grupo de pessoas esteve, na manhã desta quinta-feira (11), conversando com o prefeito de Penápolis, Caíque Rossi (PSD). O encontro ocorreu no Paço Municipal e teve por objetivo esclarecer os motivos que, até o momento, o Executivo não repassou a verba destinada para a AHBB (Associação Hospitalar Beneficente do Brasil) e que será usada para realizar o pagamento dos funcionários que atuaram no Hospital de Campanha.
A unidade entrou em funcionamento em 22 de maio do ano passado e foi implantada em uma parceria entre a Prefeitura, a associação e o governo estadual. Ela contava com dez leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), equipados com cama, respirador e demais aparelhos e 20 de enfermaria.
O hospital deixou de funcionar desde a última sexta-feira (5), depois de quase nove meses de atuação em Penápolis e outras cidades da região a pacientes com suspeita ou positivados para a Covid-19, o novo coronavírus. A unidade estava instalada em um prédio na avenida Leandro Ratisbona de Medeiros e os últimos pacientes foram transferidos para a Santa Casa que, a partir de agora, se tornou o local para receber pacientes confirmados ou com suspeita da doença.
Cerca de 20 ex-funcionários foram recebidos na Sala Pedagógica do Paço pelo chefe do Executivo, a vice Mirela Fink (Podemos) e o secretário de Saúde, Dr. Luiz Washington Bozzo Nascimento Filho. Na oportunidade, Caíque ressaltou que o vínculo empregatício desses profissionais é com a AHBB e que existem apontamentos jurídicos para que a Prefeitura suspenda o repasse por questões de irregularidades.
“Aguardamos uma decisão judicial para efetuar o pagamento. Se fizermos o repasse, estaremos incorrendo em crime de responsabilidade”, ressaltou. Sobre algumas irregularidades apontadas, Caíque citou que, dentro do contrato com a AHBB, existe inconsistência no Plano de Trabalho apresentado, no que se refere a gastos com folha de pagamento e insumos hospitalares.
Ele ainda se solidarizou com o fato de muitos destes profissionais estarem desempregados, mas destacou que a contratação da Santa Casa é feita diretamente pela Irmandade de Misericórdia, que administra o hospital. No momento em que acontecia a reunião, o setor jurídico da AHBB entrou em contato com o secretário municipal de Saúde e sinalizou que o pagamento dos ex-funcionários estava sendo providenciado.
Atendimento
Inicialmente, o atendimento agora na Santa Casa será apenas para moradores da cidade e da microrregião – Alto Alegre, Avanhandava, Barbosa, Braúna, Glicério e Luiziânia – que estejam com suspeita ou positivos com o vírus. Para a região, se limitará a casos extremante necessários, não havendo vagas disponíveis nos municípios de origem ou em outros hospitais de referência.
Os equipamentos que estavam no Hospital de Campanha já foram levados para a Santa Casa e os dez leitos de UTI a mais já foram adequados, estando o espaço em fase de transição junto à DRS-2 (Departamento Regional de Saúde), em Araçatuba.
No final de janeiro, Caíque, após forte repercussão, clamor da sociedade e intervenção da Câmara, assegurou, ao menos por 15 dias, a continuidade do Hospital de Campanha. O Centro da Covid gerava um gasto de R$ 878 mil mensais. A administração ainda publicou, em edição extra no Diário Oficial, decreto suspendendo a internação de novos pacientes da Covid-19 naquele espaço.
O mesmo documento instituiu uma comissão técnica de transição para o plano de contingenciamento da Irmandade da Santa Casa para o acolhimento dos pacientes acometidos com o coronavírus. Desde a sua abertura, foram atendidos 496 pacientes. Deste total, 263 foram de Penápolis. Além da cidade, passaram 58 pacientes de Birigui, 26 de Avanhandava, 25 de Luiziânia, 20 de Glicério, 14 de Alto Alegre, 14 de Braúna, 13 de Andradina, 12 de Buritama e dez de Barbosa.
A lista ainda fecha com Araçatuba (1); Barretos (1); Bilac (8); Brejo Alegre (3); Brotas (1); Castilho (2); Clementina (2); Coroados (4); Gabriel Monteiro (4); Guaraçaí (1); Manduri (1); Olímpia (1); Ourinhos (1); Piacatu (1); Presidente Alves (1); Promissão (2); Santópolis do Aguapeí (2); Sud Mennucci (1); Turiúba (1) e Valparaiso (3). Desta totalidade, 383 se recuperaram e 113 não resistiram às complicações da doença.
Ivan Ambrósio/ Jornal Interior