A Covid-19 já mostrou sua gravidade, mas além dos sintomas já conhecidos, como comprometimento do pulmão, dificuldade para respirar, dentre outros, o vírus também pode deixar sequelas nos infectados, mesmo após a recuperação. Desde o impacto da doença, já existem diversos estudos sobre as reações do coronavírus. A estimativa dos cientistas é que apenas de 10 a 20% dos contaminados apresentam total recuperação.
Camila Nagate Rodrigues (26), coordenadora do Colégio Educando, começou a passar mal no dia sete de dezembro de 2020 e fez tratamento por 15 dias, em isolamento. Um mês e quatro dias depois, ela relata que seu olfato ainda não voltou totalmente.
“Meu olfato ainda não voltou 100%, pra sentir o cheiro das coisas eu preciso colocar bem pertinho do nariz, porque de longe eu não consigo sentir. Às vezes também sinto um gosto amargo na boca, do nada”, afirma Camila.
A jovem Letícia Neves de Oliveira (24), testou positivo em setembro de 2020, com sintomas leves. Mas, em janeiro deste ano, a doença voltou, e com os sintomas agravados. Hoje, ainda sente dificuldade pra respirar e uma forte queda de cabelo.
“Na primeira vez não fiquei tão mal. Mas agora em janeiro eu senti os sintomas bem mais fortes. Eu ainda sinto dificuldade pra respirar, tenho crises de tosse e muita queda cabelo, só de passar a mão”, conclui Letícia.
De acordo com Ediléia Bagatin, professora da Unifesp e coordenadora do departamento de cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a queda de cabelo é comum em infecções. O couro cabeludo é uma região com muita circulação sanguínea, que é afetada pela substância da infecção que circula pelo sangue, afetando o cabelo e o ciclo capilar.
Já a jornalista Corina Maria Batajelo (41) percorreu um longo processo de recuperação da Covid. Testou positivo em 21 de novembro e foi internada na Santa Casa em estado grave no dia 28. Em 1º de dezembro foi para a UTI Covid, de onde recebeu alta somente no dia 25.
Em casa, ficou em isolamento por 15 dias e fez uso de oxigênio, o qual não utiliza mais há mais de 17 dias. “Quando estive na UTI Covid passei 25 dias lutando pela minha vida. Hoje só agradeço a Deus pela oportunidade de estar viva. Ainda me sinto muito cansada, mas tenho cautela, pois é um processo demorado”, conta Corina.
Ela também conta que durante seu processo de tratamento na UTI Covid o que mais lhe ajudou foi a fisioterapia. De acordo com a fisioterapeuta Fernanda Malafaia Pessoa (38), o terapeuta físico é indicado com a finalidade de diminuir e/ou amenizar os sintomas causados pela doença.
“A fisioterapia visa aumentar a capacidade pulmonar com exercícios respiratórios ativos, proporcionando um recrutamento de áreas não ventiladas e dando suporte a recuperação do pulmão”. “Os pacientes em ambientes hospitalares desenvolvem uma fraqueza muscular por conta da imobilização prolongada, provocada pela restrição ao leito. A fisioterapia motora fortalece os músculos que participam da respiração, auxiliando na expansibilidade do tórax e favorecendo toda a dinâmica do pulmão”, conclui Fernanda.
Exercícios
Os alongamentos são usados para proporcionar amplitude de movimento, deixando a caixa torácica ‘livre’ para expandir impedindo que qualquer encurtamento atrapalhe. Exercícios respiratórios e motores de fortalecimento podem ser imprescindíveis para uma boa recuperação, e podem ser feitos de maneira associada. É importante que tenha a avaliação de um profissional de fisioterapia, para determinar os exercícios físicos e respiratórios apropriados, levando em conta o grau de debilidade do paciente.
De forma independente, a pessoa que sente dificuldade na respiração pode praticar um exercício básico para expandir o pulmão. “Puxar o ar pelo nariz até enche-lo totalmente e soltar pela boca de maneira lenta e gradativa, pode ajudar pois exige do pulmão. Aumenta a eficácia se associar à movimentos durante a inspiração e expiração, levantando e abaixando os braços em sincronia. Também pode usar um cabo de vassoura, por exemplo, para coordenar melhor o movimento”, finaliza a Fernanda.