*César Braga
Expressivo no contexto econômico e político do Brasil, o comércio está intimamente associado ao desenvolvimento do país. E assim como outros setores produtivos, após amargar perdas no início da pandemia da Covid-19, o setor almeja condições para se reestruturar e crescer em 2021.
Ainda que entremos no novo ano com algumas sequelas do coronavírus, a expectativa é de recuperação. Isso ocorrerá na medida em que as ações de combate à pandemia, em especial a vacinação, forem colocadas em prática, e assim sejam flexibilizadas as normas de distanciamento social e de horários de funcionamento do comércio varejista. Quanto mais próximo o cenário ficar da normalidade, a tendência é de estabilidade para os negócios locais.
De acordo com relatório elaborado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), com base na Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), já há uma tendência de recuperação no comércio ampliado (comércio restrito, mais material de construção e carros, motos e peças automotivas), que superou em 4,9% os níveis de venda de fevereiro, mês que antecedeu a pandemia.
A alta, no entanto, vem sendo puxada por segmentos específicos, como móveis e eletrodomésticos (10,8% no período janeiro/outubro), artigos farmacêuticos e de perfumaria (7,2%) e alimentos e bebidas (5,7%). De forma geral, o consumidor deixou de consumir serviços e direcionou os seus gastos para outros itens, principalmente os de primeira necessidade, em supermercados e farmácias, que não tiveram restrições de funcionamento no primeiro semestre. Setores de alimentação e de produtos farmacêuticos devem continuar em alta.
É preciso destacar que se deu bem quem aproveitou a força do e-commerce e de outras soluções virtuais. Isso deve ser mantido e otimizado em 2021, pois é caminho sem volta, veio para ficar. Além disso, é necessário fomentar a relação entre consumidor e lojista local, pois o consumo em empresas da cidade colabora para o crescimento econômico do município, estimula novos negócios e gera empregos.
Fato é que o comércio precisa se adaptar ao cenário econômico, às novas formas de trabalho e consumo. Há de se pensar em soluções que atraiam o cliente, que sejam as ferramentas digitais, flexibilização de prazos, formas de pagamento e tantas outras situações. Traçar perspectivas após um ano tão difícil não é uma tarefa simples, mas, otimista que sou, acredito que, agindo com planejamento e gestão, o comerciante estará preparado para enfrentar 2021, seja abrindo, mantendo ou ampliando um negócio.
*César Braga é comerciante do setor ótico em Araçatuba