SOROCABA – As prefeituras do litoral norte de São Paulo decidiram nesta segunda-feira, 28, permanecer na fase amarela do Plano São Paulo, liberando o comércio e as praias na virada do Ano-Novo. O plano estadual prevê a volta de todo o Estado de São Paulo para a fase vermelha, a mais restritiva, a partir da zero hora do dia 1º até 3 de janeiro de 2021. Conforme o governo paulista, a medida é necessária para conter a propagação do vírus, que voltou a lotar hospitais na maioria das regiões do estado.
As decisões de não seguir a regra estadual foram anunciadas nesta segunda-feira pelas prefeituras de Ubatuba, São Sebastião, Ilhabela e Caraguatatuba. “Cada município decidiu de forma individual levando em conta a sua realidade. Nós temos números baixos de covid-19 e apenas 12% de ocupação de leitos de UTI”, disse o prefeito de São Sebastião, Felipe Augusto (PSDB).
A cidade já havia rejeitado as recomendações do Centro de Contingência da Covid-19 permanecendo na fase amarela entre os dias 25 e 27 de dezembro. Devido ao descumprimento, São Sebastião foi uma das 19 cidades paulistas notificadas pela Secretaria de Desenvolvimento Regional, com pedido de providências ao Ministério Público de São Paulo. “Estamos aguardando a notificação e vamos responder. Neste momento, não temos números (de casos) para fechar tudo, mas se o quadro mudar, fechamos”, disse Augusto.
O prefeito de Ubatuba, Délcio Sato (PSD), anunciou a permanência na fase amarela depois de se reunir com a prefeita eleita, Flávia Pascoal (PL). O comércio vai funcionar até às 23 horas. “Não há previsão de fechamento das praias, mas voltamos a lembrar que, como se trata de uma doença contagiosa, depende do bom senso das pessoas em colaborar para evitar sua disseminação, evitando aglomerações”, disse o prefeito. A cidade tem 40% dos leitos de UTI ocupados. No sábado (26), foi registrada a 47ª morte.
A prefeitura de Caraguatatuba informou que a comissão de retomada econômica entendeu ser ideal limitar o funcionamento do comércio apenas entre as 20 horas do dia 31 de dezembro às 12 horas do dia 1.o de janeiro. Nos demais dias, os estabelecimentos em geral vão funcionar durante 12 horas diárias, até às 23 horas. Pelo plano estadual, só funcionariam serviços essenciais.
As praias ficarão liberadas, mas os shows e a tradicional queima de fogos da virada continuam cancelados. “Nossas decisões, desde o início da pandemia, têm sido de cunho técnico e vamos manter dessa forma. Devemos tranquilizar a população de que não mediremos esforços para continuar mantendo o equilíbrio entre salvar vidas e fortalecer o comércio da cidade”, disse, em nota, a prefeitura.
Praias. No litoral sul, as prefeituras de Praia Grande e de Peruíbe também anunciaram a liberação das praias no Réveillon, apesar de recomendação em contrário do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) e do governo estadual, devido ao aumento nos casos de covid-19. Os municípios alegam não ter recursos para barrar a entrada dos turistas sem apoio da Polícia Militar. A partir da meia-noite de quinta-feira (31), a região deveria retornar para a fase vermelha do Plano São Paulo.
A prefeitura de Peruíbe informou que suas praias são extensas e a formação de barreiras para impedir o acesso só seria possível com apoio da Polícia Militar, o que não foi garantido pelo governo estadual. O mesmo argumento foi usado pela prefeitura de Praia Grande. Conforme o município, novas medidas devem ser anunciadas nos próximos dias. A queima de fogos na virada continua suspensa.
Em Santos, São Vicente e Guarujá, os acessos às praias serão bloqueados nos dias 31 de dezembro e 1.o de janeiro. Conforme o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), a medida visa evitar o turista do Réveillon que vai à praia na virada do ano. Em São Vicente, o estacionamento na orla também será proibido. As cidades também terão barreiras sanitárias nos principais acessos para evitar a entrada de vans e ônibus com turistas de um dia.
Governo. O secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, disse que a prerrogativa de abrir ou fechar a orla é municipal, mas as regras em relação ao comércio devem ser cumpridas. “Estamos com 2.300 homens da segurança pública no litoral com contingente para apoiar as ações das prefeituras”, disse, sobre as queixas de falta de apoio policial para as barreiras em Praia Grande e Peruíbe. Segundo Vinholi, a responsabilidade e a mobilização desses gestores são fundamentais para o enfrentamento da pandemia.