A região administrativa de Araçatuba tem 132 candidatos a prefeito nas eleições deste ano. Destes, apenas 12 são mulheres, o que representa apenas 9,09% dos concorrentes. Quando se leva em consideração as candidatas à vice-prefeita, a conta melhora um pouco nas proporções, mas ainda é muito baixa. Vinte mulheres foram inscritas como vices.
Levantamento feito pela reportagem da Folha da Região com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) revela que em 22 cidades não há sequer um candidato a prefeita e uma a vice. Nelas, apenas homens concorrem aos cargos do Poder Executivo.
Elas têm mais representatividade no município de Lourdes, onde dois dos três candidatos à prefeitura local são mulheres. Lá, no entanto, não há nenhuma vice. Em Brejo Alegre e São João do Iracema concorrem um homem e uma mulher ao cargo eletivo maior.
Araçatuba tem oito candidatos a prefeito, sendo que apenas uma é do sexo feminino. Em compensação, elas são metade das vices. Birigui tem oito concorrentes, todos homens, à Prefeitura; apenas um vice foi registrada. Por força de lei, os partidos reservam 30% das candidaturas para vereador às mulheres.
Geral
A porcentagem de 9,09% de mulheres concorrendo às prefeituras da região está abaixo da média nacional, que é de 13%. De acordo com levantamento feito pelo site de notícias G1, apenas 1 a cada 10 candidaturas para as prefeituras é de mulher. São 2.496 mulheres candidatas para o Executivo municipal num total de 19.141 candidatos.
Os nomes de mulheres na disputa a prefeito não são maioria em nenhum dos 33 partidos existentes no País. Esse percentual de mulheres concorrendo à prefeitura é, ainda de acordo com o portal, o mesmo registrado nas eleições municipais de 2016 e 2012.
A cientista política Teresa Sacchet, professora do programa de pós-graduação do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia (UFBA), ouvida pelo site, lembra que as mulheres já garantiram a reserva de, no mínimo, 30% das vagas para eleições proporcionais, mas diz que isso ainda não refletiu completamente nas urnas.
O número de mulheres eleitas até aumentou nas eleições de 2018 em comparação com os anos anteriores, mas a participação feminina no Brasil ainda é baixa. Segundo ela, algumas mudanças na legislação, como a cota de vagas para mulheres e a mesma regra para o repasse do Fundo Eleitoral, têm contribuído para mudar esse quadro.
Ela lembra ainda que nestas eleições surgiram também mais cursos voltados para a capacitação de mulheres candidatas, como o “(Re)Presente! Mais Mulheres na Política”, que ela coordena. Para a cientista política, os partidos precisam encarar a representação de mulheres e negros na política como uma questão importante.
“A maior parte das mulheres eleitas ainda é branca. Mesmo em estados como a Bahia, quase 70% das mulheres eleitas são brancas, sendo que 82% da população é negra. Então tem muita desigualdade, muita desigualdade na disputa, muita luta. As regras implementadas são boas, porém não estão sendo cumpridas”, afirma Teresa.
Ela cita, por exemplo, o dinheiro repassado a candidatas mulheres que eram obrigadas a devolver a verba a dirigentes e também o uso de recursos do Fundo Partidário tendo como destino a capacitação de mulheres para outras finalidades.
Teresa acrescenta ainda que, apesar de se estimular a participação das mulheres, não é certo dizer que “as mulheres são mais corretas e menos corruptas” do que os homens nem mesmo associá-las “ao papel de mãe, de emotivas, ao papel de cuidado, que trilha as mulheres e dificulta a entrada delas na vida pública”. Ela reforça, porém, a pluralidade de vozes na tomada de decisões, com opiniões vindas de diferentes parcelas da população, é importante na construção de políticas públicas.