Cerca de cem motoristas de aplicativo de Araçatuba participaram, nesta quarta-feira (28), de uma paralisação nacional por melhores condições de trabalho e tarifas mais justas. A mobilização foi na antiga estação ferroviária e em frente à Havan, na Avenida dos Araçás, das 10h às 12h30. A estimativa é de que apenas 20% dos 900 motoristas da cidade estejam rodando, porque a maioria manteve as plataformas desligadas nesta quarta, segundo os manifestantes.
“Foi uma manifestação pacífica e silenciosa, sem interferência no trânsito e bastante positiva”, afirma Tiago dos Reis, que é motorista de aplicativo há dois anos e dez meses, um dos organizadores da paralisação na cidade. A Polícia Militar acompanhou a manifestação.
Conforme ele, a falta de motoristas elevou os preços das viagens. Um percurso que sairia por R$ 10,00, hoje não saiu por menos de R$ 28,00. “Amanhã, os preços devem voltar ao normal, mas percebemos que os motoristas estão muito desanimados e deixando a atividade”, afirmou.
Reis afirma que uma nova paralisação está prevista para o dia 28 de novembro. “Já demos o primeiro passo. Temos esperança de que as empresas ouçam as novas reivindicações, porque vai chegar uma hora que vai ficar inviável trabalhar”.
Reivindicações
Uma das reivindicações da categoria é a mudança no valor da tarifa, que hoje é paga por quilômetro rodado. A média paga, atualmente, é de R$ 0,93 por km, mas os motoristas argumentam que a tarifa mínima ideal deveria ser o dobro disso.
Conforme Reis, o motorista ganha, em média, entre R$ 6,00 e R$ 7,00 por corrida, já descontada a taxa da operadora, que pode chegar a 42%, de acordo com o percurso. “Isso não cobre os nossos custos. Estamos sucateando nossos carros, pagamos um seguro três vezes mais caro do que um motorista comum e ainda corremos riscos”, reclama, destacando que a taxa máxima deveria ser de 15%.
A segurança é outra reivindicação dos motoristas de aplicativos. Eles alegam que as operadoras não exigem fotos nem os dados pessoais dos passageiros, o que aumenta o risco de assalto e sequestro. “O passageiro tem todos os nossos dados pessoais e os do carro. Nós não sabemos quem vamos levar na corrida”, alega.
A pauta da paralisação também pede o fim do banimento sumário dos motoristas, que segundo eles, não têm direito à ampla defesa junto às operadoras, e o fim do limite de tempo on-line. Conforme Reis, a Uber, por exemplo, limita o motorista a ficar dez horas on-line na plataforma.
Outro ponto reivindicado pelos motoristas de aplicativo é o fim da punição de cancelamento e aceitação. “Como as operadoras pregam que nós não somos funcionários, e sim parceiros, elas acabam nos punindo por cancelar corrida. Muitas vezes, há suspensão ou até mesmo banimento nesses casos”, diz.
O argumento de Reis é que os motoristas não recebem pelo deslocamento até o passageiro nem pela volta, após deixar o cliente em seu destino. “Eles só calculam a ida, a volta tem que ser por nossa conta”, afirma.
Ele explica que uma corrida de Araçatuba até Birigui custa, em média, R$ 35,00 para o passageiro, mas os motoristas só recebem R$ 20,00 e ainda têm que arcar com a volta até Araçatuba. “Muitas vezes não paga nem a gasolina, mas somos punidos se cancelamos a viagem”, explica.
Em Araçatuba, atuam as operadoras Uber, 99, In Driver e Mobbi Brasil, Odicar e Tô Indo.