Uma loja de presentes no Centro de Jaboticabal (SP) usou o currículo de uma autônoma para fazer etiquetas de preços para bolsas à venda. A mãe da menina foi ao estabelecimento na manhã desta segunda-feira (5), viu a foto da filha em um dos produtos e avisou a jovem.
Gabrielle Veiga Mestre, de 20 anos, fez um post nas redes sociais revoltada com a situação e, em poucas horas, a publicação já tinha mais de 800 compartilhamentos.
“É ridículo, né? Estou sem comida em casa. Pego meus únicos dez reais, pego uma moto, vou lá no Centro e eles fazem essa sacanagem”, disse.
Por telefone ao G1, uma vendedora da Milly Presentes, loja onde a foto da jovem foi usada na etiqueta, confirmou a utilização do currículo de Gabrielle para marcar o preço da bolsa. A funcionária, que não quis se identificar, também informou que houve um engano no momento de cortar as folhas para colocar os preços e que a imagem dela já foi retirada da vitrine.
Segundo a vendedora, o procedimento da loja para escrever etiquetas à mão é de usar somente papéis em branco. Os currículos, de acordo com a vendedora, são levados para outro departamento. Os documentos são analisados e depois algum responsável entra em contato com as candidatas.
Indignação
Gabrielle deixou a casa dos pais há dois anos. Em Jaboticabal, já morou sozinha, mas nos últimos meses tem dividido aluguel com um amigo. Para conseguir um dinheiro, ela tem feito bicos como garçonete, às vezes, ajuda no food truck da mãe e faz trabalhos freelancer como desenhista.
Desde o início da pandemia de Covid-19, ela recebe o Auxílio Emergencial de R$ 600. Mas, segundo ela, o valor nem sempre é suficiente para manter os gastos do apartamento. “Quero algo [trabalho] fixo”, afirma.
Pensando no aumento da demanda do comércio para as festividades de fim de ano, a jovem resolveu deixar o currículo nas lojas do Centro. Quando foi avisada pela mãe sobre o uso do documento como etiqueta, ficou indignada.
“Eles podiam ter jogado no lixo, mas não, usaram como etiqueta da loja (…). É uma falta de consideração total”, desabafa.
Ao G1, a jovem afirmou que está à procura de um advogado e quer entrar na Justiça contra a loja.