O caminhoneiro João Rúbio Marangoni, 44 anos, concluiu na manhã desta segunda-feira (12), a sua peregrinação de 730 quilômetros, de Rinópolis (SP), onde mora, até o Santuário de Aparecida, em cumprimento a uma promessa feita à Santa pela saúde de sua filha de 13 anos.
A menina possui intolerância à lactose e, um dia, ao chegar de viagem, em 2018, se deparou com a filha em sofrimento, com desconforto intestinal e passando muito mal. Na hora, pediu a cura à Nossa Senhora Aparecida e prometeu, caso recebesse a graça, que iria até o Santuário dois anos depois.
Na noite de 24 de setembro, avisou a família que cumpriria a promessa e, no dia seguinte, saiu de sua residência com poucos apetrechos em uma mochila, como agulha e linha (para tratar as eventuais bolhas que surgissem), além de talco para não dar umidade nos pés, uma muda de roupa e um cabo de vassoura, que ajudou na longa caminhada.
Foram 18 dias de peregrinação. Ele dormia em hotéis, pousadas e motéis, onde lavava a roupa que usava. Quando não encontrava lugares para passar a noite, o jeito era se ajeitar embaixo de uma árvore na beira da estrada mesmo, ou mesmo na porteira de fazenda.
O caminhoneiro conta que chegou a tomar banho em rio e passou toda espécie de dificuldade: fome, sede, frio e calor. Quando não encontrava alimentação na beira da estrada, o jeito era entrar em uma cidade próxima para comprar comida.
Os momentos mais difíceis foram os três primeiros dias, pois não era acostumado a andar e não tinha condicionamento físico. Andava de 40 a 45 quilômetros por dia, mas chegou a caminhar até 53 quilômetros em um único dia.
“Sempre tive muita fé em Nossa Senhora Aparecida e graças a ela minha filha melhorou muito. Eu precisa honrar a minha palavra e pagar a promessa”, afirmou.
Para cortar caminho, Marangoni chegou a andar 68 quilômetros em estrada de terra, em meio a um canavial, em Barra Bonita (SP). Neste trecho, a esposa Edercleia foi ao seu encontro (eles se comunicavam por celular) e deu apoio com água e alimentação, além de muita oração.
Em outros trechos, alguns amigos foram ao seu encontro apoiá-lo e, ao chegar na rodovia Presidente Dutra, ficou muito feliz, pois havia apoio aos peregrinos, com distribuição de água e comida.
Emoção na chegada
A chegada ao Santuário de Aparecida foi por volta das 9h30 desta segunda-feira e carregada de emoção. “Chorei muito, acendi uma vela para Nossa Senhora, agradeci por todas as bênçãos recebidas e rezei”, conta.
Durante o percurso, o caminhoneiro perdeu oito quilos. Para ele, a viagem é uma oportunidade para reflexão. “Durante o trajeto, tudo volta à cabeça, as experiências boas e ruins que vivemos, é como se passasse um filme com nossa trajetória de vida”, relata.
Ele contou, ainda, que aprendeu muito com o ser humano nos dias de peregrinação, ao se deparar com várias situações. “Alguns me olhavam com medo ou nojo por estar sujo ou suado. Outros, ofereciam ajuda, carona, sem ao menos me conhecer”, descreveu.
Nesta segunda, Marangoni se encontrou com a mulher e os filhos, Bianca, de 13 anos, e Victor, de 25. “Foi um momento de muita emoção rever a minha família e ter a sensação de dever cumprido”.