O Siran (Sindicato Rural da Alta Noroeste) emitiu uma nota de repúdio à manobra de grandes frigoríficos brasileiros, que tentam ampliar o controle sobre o gado comprado de fazendas na Amazônia. De acordo com o presidente da entidade, Fábio Brancato, soa desmedida a atitude de JBS, Marfrig e Minerva, que, dizendo-se sob pressão de investidores e de ONGs (brasileiras e estrangeiras) que estariam preocupadas com o abate de animais provenientes de áreas desmatadas, anunciaram programas para monitorar toda a cadeia de bovinos.
“Essa notícia caiu como bomba junto aos pecuaristas, sendo que a repercussão negativa foi imediata e de indignação do setor produtivo da pecuária de corte. Como representante da agropecuária há quase 80 anos, o Siran faz coro ao GPB (Grupo Pecuária Brasil), para quem esses frigoríficos estão criando uma situação de distanciamento daqueles pecuaristas que agem dentro da legalidade, e não aceitam ser monitorados por qualquer organização não governamental sem poder institucional para isso”, comenta Brancato.
Para o representante classista, é inadmissível e indigno que empresas brasileiras se alinhem a interesses de legitimidade no mínimo duvidosa, ferindo uma relação de confiança construída ao longo de décadas com os pecuaristas nacionais.
“Avaliamos que, ao contrário do que pode parecer ao público leigo, esta ação orquestrada não vem solucionar problemas ambientais da cadeia da carne, mas sim desmerecer e desvalorizar ainda mais o já combalido e batalhador pecuarista brasileiro, o verdadeiro responsável por fazer do Brasil um dos maiores fornecedores de carne bovina do mundo”, afirma o presidente do Siran.
A nota foi enviada a instituições das esferas municipal, estadual e federal, como Prefeitura e Câmara de Vereadores de Araçatuba, Governo do Estado, Assembleia Legislativa, Presidência da República, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Senado Federal e Câmara dos Deputados, assim como outras entidades classistas. O SIRAN solicita às autoridades e às entidades agropecuárias que intercedam favoravelmente à pecuária nacional, no sentido de posicionar-se e agir contrariamente ao plano dos frigoríficos, em favor da sociedade brasileira.
“Assim que divulgamos o documento, representantes dos frigoríficos entraram em contato com o sindicato, para explicar os motivos do monitoramento e como pretendem fazer isso. Também nos pediram apoio no sentido de dialogar com os pecuaristas. Estamos sim dispostos a analisar a situação e buscar uma solução, mas jamais aceitaremos essa tentativa de responsabilizar, até mesmo de criminalizar o pecuarista brasileiro pela questão ambiental da Amazônia”, finaliza Brancato.