Uma investigação, realizada pelo Ministério Público de São Paulo (MPE-SP), indica que Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, é o substituto de Marcola e ocupa hoje o posto de maior liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC) em atividade. Ele era o principal alvo da operação Sharks, deflagrada nesta segunda-feira (14), e está foragido. As informações são do iG/ Último Segundo.
A operação do MPE-SP, em parceria com a Polícia Militar, mirou a nova cúpula da facção , que se formou após a transferência das principais lideranças do PCC para presídios federais, em fevereiro de 2019, de acordo com a promotoria.
Ao todo, foram expedidos 12 mandados de prisão: dois deles foram cumpridos, um alvo morreu em suposto confronto com a PM e nove investigados seguem foragidos. Também houve outras duas prisões em flagrante.
Tuta está entre os alvos que não foram localizados até o momento. Segundo a promotoria, ele faz parte da chamada “Sintonia Final da Rua”, a principal da cadeia de comando do PCC fora dos presídios , e é tratado como o sucessor de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, historicamente a maior liderança da facção.
A apuração do MPE-SP teve início nem 2019 e mirou um total de 21 suspeitos de integrar a cúpula do PCC. Oito deles, no entanto, foram presos durante o curso da investigação e outro morreu de causa natural. Os 12 restantes é que se tornaram alvo da Operação Sharks.
De acordo com o MPE-SP, Tuta teria passagens por roubo a banco e tráfico de drogas e conheceu Marcola no presídio de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Ele estava em liberdade há pelo menos três anos, após cumprir pena. Uma vez nas ruas, teria passado a ganhar importância nas atividades do PCC e escalonou na hierarquia da facção.
Segundo a investigação, ele seria responsável por comandar os integrantes soltos da organização criminosa, mantendo contato com a cúpula que está na cadeia. Também é suspeito de ser responsável pelos planos de fuga das lideranças em presídios federais e de planejar assassinatos de agentes e autoridades públicas em represália às ações contra a facção.
A ação foi realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPE-SP nesta manhã. Além das ordens de prisão, os agentes cumpriram cerca de 40 mandados de busca e apreensã o na capital, Grande São Paulo, Baixada Santista e interior. Há suspeita de que alguns alvos estejam em países da América Latina, comandando atividades logísticas da facção.
O investigado José Carlos de Oliveira teria entrado em confronto com a polícia e morreu após troca de tiros em Praia Grande, no litoral paulista. No local, os agentes afirmam ter encontrado explosivos escondidos.
Durante as buscas, foi apreendida quantia superior a R$ 100 mil em dinheiro vivo, além de diversos veículos de luxo, porções de drogas, uma pistola calibre 9 mm., munição e oito cartuchos de emulsão explosiva (TNT). Os agentes encontraram também diversos equipamentos eletrônicos e documentos.
“A operação é considerada como a mais importante desde a remoção do Marcola e demais líderes para o sistema penitenciário federal. Porque foi identificado farto conjunto probatório, todos os líderes que foram indicados pelo Marcola e demais líderes para assumirem todos os setores da facção aqui na rua”, afirma o promotor Lincoln Gakiya que conduz as investigações junto ao MP-SP.
Segundo o promotor, as investigações tiveram início após a prisão de um integrante do PCC que tinha o apelido de “Tubarão”, responsável pelo setor financeiro da facção. Na ocasião, os agentes apreenderam diversos documentos com a contabilidade do grupo criminoso, entre eles planilhas que detalhavam inclusive o envio de milhares de reais para o Paraguai e para a Bolívia.
“O importante foi a identificação desses indivíduos, que integram a cúpula do PCC hoje em exercício, e a responsabilização criminal deles. Ainda que alguns não sejam presos na data de hoje – possivelmente estejam no Paraguai e na Bolívia -, as diligências vão continuar e logo vamos ter a prisão de todos os investigados “, indicou o promotor.
Os promotores apontam que a cúpula da facção comanda um sistema que movimenta mais de R$ 100 milhões anualmente – montante proveniente do tráfico de drogas e da arrecadação de valores de seus integrantes. Para ocultar os valores, os faccionados compravam veículos e usavam imóveis com fundos falsos (‘casas-cofre’) para ocultar dinheiro vivo antes de realizar transferências, muitas vezes por doleiros.
“As investigações revelaram a cadeia logística do tráfico de drogas da facção, bem como a sucessão entre suas principais lideranças a frente da fonte de maior renda da organização criminosa, indicando, ao final, a participação de 21 pessoas, algumas presas durante as investigações”, informou o MP-SP em nota.