O município de Araçatuba não irá retomar as aulas presenciais este ano, para evitar a disseminação do novo coronavírus. A decisão, tomada nesta quarta-feira (2) pela administração municipal, vale para a rede pública municipal. De outro lado, está autorizada a realização presencial de atividades de reforço e recuperação nas escolas, com agendamento. As aulas continuarão a ser realizadas remotamente.
As redes poderão ter até 35% do número de alunos matriculados participando destas atividades de reforço e recuperação, mas na rede municipal já foi decidido que este retorno será individualizado. O reforço e recuperação não são obrigatórios em nenhuma das redes e os pais não serão obrigados a enviarem seus filhos à escola.
Segundo a secretária municipal de Educação, Silvana de Sousa e Souza, está sendo implementado um canal no Youtube, onde os alunos poderão acompanhar videoaulas diárias, com conteúdo diversificado para cada ano de escolaridade, além de todas as outras formas que eles já interagem com os professores e, quando necessário, terão estes atendimentos de forma individualizada. A rede municipal de ensino possui alunos e professores.
Também ficou determinado que as escolas particulares poderão se organizar da forma como acharem apropriado, porém também respeitando o limite de até 35 % do número de alunos matriculados e com apenas atividades de reforço e recuperação, por enquanto. O limite é o mesmo para as escolas estaduais, que obedecem às decisões do Governo do Estado de São Paulo.
“Primamos pela vida de todos: das crianças, dos profissionais, das famílias de todos. O que será autorizada é a realização de atividades de reforço e recuperação, com atendimento agendado e individualizado, que receberá o nome de Programa Movimento Aprender, e será disponibilizado apenas aos alunos que os pais autorizarem, pois não haverá obrigação a este procedimento. As aulas continuarão sendo realizadas à distância, com os alunos em suas casas”, declarou o prefeito Dilador Borges (PSDB).
A decisão foi tomada após uma reunião com proprietários e mantenedores de escolas particulares da educação básica da cidade, desde infantil até o ensino médio. Participaram do encontro a dirigente regional de ensino Fátima Regina Prette, a médica infectologista Heloysa Libetarori Gemaiel e a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Araçatuba.
Conforme a secretária municipal de Saúde, Carmem Silvia Guariente, com a possibilidade de se ter dois casos de Covid-19 em uma sala de aula, já se considera o vínculo entre eles como um surto (contágio), o que já demanda ações sobre toda essa comunidade que teve contato com os infectados e que terá de ser afastada por 14 dias.
“Também um professor, que tem um aluno que apresenta sintomas e tenha contraído dois dias antes, ficou próximo, pois alunos pequenos têm essa dificuldade de manter a distância a mais de 1 metro, no dia a dia, afasta-se o professor e toda a classe fica sem aula. Se ele dá aula em outro colégio, também será afastado de lá e quem teve contato com ele também, alem dos contatos dos contatos”, detalha.
A secretária de Saúde ainda destaca: “Pensamos também na questão do transporte coletivo de alunos, a proximidade, a movimentação. Mesmo que tratemos apenas da educação infantil, há também de se pensar nas universidades, nos jovens que não estão submetidos nem ao cuidado de contenção que as crianças tem. Tudo isso nos leva a estarmos alertas e monitorar e para isso ainda não há estrutura”.
Assim como a Secretaria Municipal de Educação, a Secretaria de Saúde (SMSA) tem se reunido com frequência para discutir a retomada das aulas e dar subsídios para que tanto as secretarias como o prefeito definam os próximos passos para o município.
“Ouvindo todas essas áreas, o prefeito decidiu pela valorização da vida, com o que nós concordamos muito. Estamos num momento que não temos ainda tratamento eficaz, vacina eficaz. O que temos é a vigilância dos contatos”, descreve a secretária municipal Carmem Guariente (SMSA).
Monitoramento de contato
Carmem Guariente insiste na importância do monitoramento sobre o contato. “Muito sábio, nesse momento, e vamos dando apoio. Quem teve contato próximo com alguém suspeito ou confirmado, deverá ser afastado. A nossa vigilância se preparou com unidades referencia às escolas, mas ainda é um momento difícil para a saúde, pois temos muitos casos acontecendo na comunidade, temos força de trabalho dedicada e um rigor do monitoramento dos contatos com as escolas”.
Segundo Guariente, o município também fez adesão a uma ferramenta estadual de monitoramento, informatizada, que ampliará a capacidade e rapidez dos procedimentos. “Hoje já monitoramos, somente com os contatos domiciliares, de 1.300 a 1600 pessoas por dia, imagine qual seria este volume com a ferramenta. Estamos aguardando a implantação da ferramenta pelo Governo Estadual”.
Merenda no Lar continua
A reunião também serviu para informar que, para garantir a segurança alimentar das crianças nesse momento, foi deliberado que o Programa Merenda no Lar vai continuar até dezembro.
“Sabemos que a merenda é um fator muito importante para elas. Continuarão tendo esse alimento, receberão esse atendimento para plantão de dúvidas e, embora as escolas não retornem com as aulas presenciais, mas só com esse programa individualizado de reforço, elas (escolas) estão dotadas de todos os EPIs, de todos os insumos de proteção. tudo foi providenciado com fartura, para que nenhum profissional, mesmo na interação individualizada, nenhuma criança, sejam expostos ao risco, na rede municipal”, declarou Silvana.
Carmem Guariente reforçou a defesa ao processo de combate ao contágio do coronavírus. “Falamos de crianças, mas temos toda uma comunidade escolar, os professores, pessoal administrativo, da limpeza, transporte, que também são sujeitos a esse monitoramento, também fazem parte do trabalho da saúde, tem pessoas de riscos, que devem ser afastadas, então temos que preservar a vida de toda essa comunidade”.
“Também nos preocupa que, embora a criança não apresente os sintomas como um adulto, ela transmite. A preocupação da saúde também é a casa. Nela tem um idoso, tem alguém com problema cardíaco, doença crônica. Como seria a ida e vinda entre casa e escola dessa criança? e a saúde de quem convive com ela? Não é só o ambiente escolar, mas também o transporte e o domicilio. É uma gama complexa de ações e cuidados Esse tempo é importante para nos prepararmos e evitar que retomemos um incide de transmissão do qual já conseguimos no s distanciar”, conclui a secretária de Saúde.
Silvana (Educação) reforça que, assim como Merenda no Lar, que continua e não precisa de atualização de cadastro, os pais também não precisam se preocupar com as vagas das crianças.
“Precisamos do comprometimento das famílias para que as crianças continuem participando dessas atividades remotas, tenham essa interação com as escolas. Os professores estão mantendo contato permanente com as crianças, as que não tem acesso á internet os pais buscam o material impresso. Toda essa logística continua acontecendo e é importante essa parceria com a família, mas não tem prejuízo nenhum para a vaga da criança ou à vida escolar dela”, finaliza.