O Ministério Público de São Paulo realizou, na manhã desta segunda-feira (14), uma operação contra o PCC, facção que atua dentro e fora dos presídios do país.
Ao todo, são cumpridos 12 mandados de prisão para acusados que estão nas ruas, e 40 mandados de busca e apreensão, todos no estado de São Paulo.
Até as 9h30, cinco pessoas tinham sido presas, sendo quatro homens e uma mulher. No litoral paulista, um dos alvos morreu durante confronto com a policia na Praia Grande. Na ação, o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi acionado após serem encontrados explosivos no endereço do acusado.
Segundo o Ministério Público, o objetivo da operação é a prisão dos criminosos que assumiram o controle da facção, depois que os principais chefes foram transferidos para presídios federais, em fevereiro de 2019.
Investigação
Os investigadores apontam que o atual comando seria composto por 21 pessoas. Alvos foram identificados vivendo na Bolívia, no Paraguai e até na África.
“Alguns alvos estão foragidos, possivelmente no Paraguai e na Bolívia, ou até mesmo na África, mas a importância foi reunir provas contra esses elementos, conseguir as prisões temporárias. É a operação hoje considerada mais importante depois da remoção da liderança”, disse o promotor Lincoln Gakyia, integrante da força-tarefa que investiga a facção.
A operação também tem como alvo a prisão dos homens que teriam sido encarregados por Marco Williams Herbas Camacho, o Marcola, para executar Gakyia. O promotor foi o responsável pelo pedido de transferência dos chefes do PCC para presídios federais no ano passado.
Em agosto deste ano, Marcola se tornou réu pela acusação de dar ordem para matar o promotor de Justiça e o chefe de presídios paulistas em 2018.
Na semana passada, o Departamento Penitenciário Nacional voltou a encaminhar um relatório de inteligência ao MP paulista dizendo que Marcola insiste no plano de assassinar Gakyia. Marcola teria ameaçado matar os criminosos que não conseguissem cumprir essa ordem.
Um dos alvos morreu durante troca de tiros com a polícia no litoral paulista.
Lavagem de dinheiro
Além das prisões, a operação tenta desarticular um esquema de lavagem de dinheiro feito por meio de dólar-cabo (operação de câmbio informal, na qual são realizadas transferências internacionais de valores mediante compensações, sem respeitar as normas do sistema financeiro nacional) no Paraguai e na Bolívia.
De acordo com o MP, planilhas apreendidas pelos investigadores apontam que a facção movimenta cerca de R$ 100 milhões por ano, principalmente com tráfico de drogas e arrecadação de valores de seus integrantes.
A operação é comandada por uma força-tarefa formada por oito promotores de Justiça de diferentes regiões do Estado, com apoio de policiais militares da Rota.
Os presos e os objetos apreendidos devem ser levados para a sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), no Centro da capital paulista, mas devem ser transferidos para presídios de segurança máxima na região de Presidente Prudente (CRP de Presidente Bernardes e Penitenciária 2 de Presidente Venceslau) ainda nesta segunda.
Histórico
Segundo o Ministério Público, a investigação começou em 2018, após a prisão do homem responsável pelo setor financeiro da facção.
Documentos apreendidos com ele levaram os investigadores a Eduardo Aparecido de Almeida, conhecido como Pisca, preso também em 2018, em uma luxuosa mansão em Assunção, no Paraguai.
Pisca era apontado como um dos principais membros da facção no exterior.