Dois moradores de Naviraí (MS), que estavam presos na região de Araçatuba (SP), deixaram a cadeia esta semana após quase um mês de prisão temporária motivada por suposta participação em um assalto a uma fazenda na zona rural de Guzolândia (SP).
Leandro Soares e Hudson Roseno negam envolvimento no assalto e dizem que ficaram presos injustamente, pois nada teriam a ver com o crime em tela. Os advogados de ambos alegam que já anexaram provas ao processo que inocentam seus clientes.
Segundo o advogado Flávio Batistella, que defende Hudson, há provas robustas de que seu cliente estava em Naviraí, cidade onde mora e trabalha no dia do crime ocorrido em Guzolândia, a mais de 550 quilômetros de distância.
O advogado de Leandro anexou ao processo o cartão de ponto do trabalho dele exatamente do dia em que ocorreu o assalto. “Não tinha como ele estar em dois lugares ao mesmo tempo, ainda mais com essa distância toda”, observou Batistella.
Os dois acusados foram presos após reconhecimento das vítimas. Os advogados alegam que pode ter havido algum equívoco em razão do estado emocional das vítimas do assalto, que foram aterrorizadas durante o crime. “Entendemos que é complicado para as pessoas que passaram por um trauma tão grande, mas temos provas de que esses rapazes não tiveram nada a ver com o assalto e isso ficará provado no processo”, observou o advogado.
O assalto
O roubo ocorreu na noite de 19 de junho, quando um agricultor de 56 anos, a mulher dele, de 55, o filho, de 29 e um médico de 49 anos, que estavam pelo local, foram feitos reféns por três bandidos armados e sem capuz. O rapaz de 29 anos estava deitado em um sofá e se assustou ao ser surpreendido pelo bando, e foi agredido com um chute na cabeça.
Os bandidos coloraram as vítimas sentadas em um sofá. Enquanto um ladrão manteve essas pessoas sob a mira do revólver, dizendo a todo momento para ficarem quietos caso contrário morreriam, os outros dois passaram a revirar todos os móveis existentes nos cômodos da casa.
Os ladrões roubaram joias, vários objetos e quatro tratores da marca Valtra, que foram embarcados em uma curva de nível. As vítimas, que ficaram sete horas em poder dos bandidos, ouviram barulho de dois caminhões, que foram usados para levar os tratores.
No decorrer da investigação, a polícia chegou até Hudson porque este fez um anúncio em rede social para a venda de um trator que foi roubado da fazenda. O advogado disse que o anuncio realmente existiu, mas que seu cliente não sabia que o veículo agrícola era produto de roubo. “Quem em sã consciência iria anunciar um trator roubado?”, questiona.
Conforme Batistella, seu cliente queria apenas a comissão pela venda do trator, cuja oferta foi repassada por outro homem, já identificado para investigação na polícia.
Facção
Quando do cumprimento da prisão temporária dos moradores de Naviraí, a notícia foi de que se tratava de integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital), mas a informação é contestada pelas partes e por seus advogados.
“Não sei de onde saiu essa informação incorreta, que não tem nenhuma procedência”, disse o advogado em entrevista ao RP10. “Pelo que sabemos, essa facção paulista não tem nem abrangência em Naviraí, outro quesito que já está provado no processo”, disse o advogado”.
Batistella disse que aguarda, ainda, o exame de DNA e de impressões digitais cujo material foi colhido pela polícia no local do assalto. “A polícia fez um excelente trabalho na coleta desses dados dos verdadeiros assaltantes. Agora, aguardamos o resultado com ansiedade porque será mais uma prova de inocência desses rapazes que ficaram presos injustamente”, pontuou o advogado.