Uma manicure, de 41 anos, que havia sido denunciada por maus tratos e possível abuso sexual, após levar a filha, de 12 anos, a um terreiro de candomblé, no dia 23 de julho, em Araçatuba, perdeu a guarda da criança e está tentando reverter o caso na Justiça. Ela falou com a reportagem do Regional Press e disse que houve exagero na denúncia, e que a menina estava apenas fazendo o ritual de iniciação no Candomblé.
A manicure explicou que a iniciação é como um retiro, onde a criança fica alguns dias no terreiro, quem tem estrutura de uma residência, e não tem nada a ver com cárcere e também não há qualquer tipo de sofrimento. O ato de raspar a cabeça faz parte do ritual e a menina, envolvida no caso, estava ciente e concordou, segundo a mãe.
A manicure disse que sua mãe foi influenciada por suas irmãs para entrar com o pedido da guarda da menina, após exposição do caso na mídia. Ela disse que sempre manteve um bom relacionamento com a mãe, mas agora não se relaciona mais e nunca acreditou que a mãe pudesse pedir a guarda de sua filha. Ela disse que nunca teve nenhum tipo de problema de relacionamento com a filha, que pudesse afetar na decisão judicial para a perda da guarda.
A mulher diz que como seus familiares são católicos, não aceitam os atos de sua religião, e entende que isso é intolerância religiosa, tese inclusive que a defesa está usando na tentativa de reaver a guarda para a mãe. A manicure disse que ficou surpresa com a decisão, ao perder a guarda da filha, principalmente porque nem ela e nem a criança foram ouvidas. Segundo a mãe, sua filha passou por exame no IML e não ficou constatado que a menina sofreu algum tipo de lesão corporal.
O caso
A Policia Militar recebeu a denúncia pelo Copom (Centro de Operações da Polícia Militar), no dia 23 de julho, de que uma menina estaria sofrendo maus tratos e possivelmente abuso sexual em um terreiro de candomblé. Os policiais que atenderam a ocorrência encontraram no local a menina de 12 anos, que afirmou estar em tratamento espiritual. A responsável pelo terreiro também alegou que a menina estava em tratamento e teria de ficar em confinamento, mas não teria sofrido nenhum tipo de mau trato.
Posteriormente, a mãe da criança esteve no local e informou aos policiais militares que tinha total conhecimento do tratamento espiritual e que sua filha não sofria maus tratos. De acordo com os policiais militares, a adolescente, aparentemente, estava tranquila e não apresentava nenhum tipo de hematoma, ou lesão aparente, porém estava com os cabelos raspados.
A menina disse que teve os cabelos raspados no local. Ela trajava roupas brancas, que remetem à religião. A perícia foi acionada no local dos fatos, para que se fizesse levantamento do local onde ocorrem as sessões espirituais. O delegado plantonista deliberou para que a vítima passasse por perícia no IML, para constatação do cabelo que havia sido raspado, o que entendeu como uma forma de lesão corporal.
O caso segue em andamento na Polícia Civil com acompanhamento do Conselho Tutelar.