A construção civil e o agronegócio foram os responsáveis por contratar mais mão de obra do que demitir, no primeiro semestre deste ano, na região de Araçatuba (SP), mesmo passando pela pandemia da Covid-19.
Os dois setores produtivos são exceções que se destacam positivamente no cenário nacional de retração imposto pelo novo coronavírus.
Análise feita a partir dos dados mais recentes divulgados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia, indica que, na primeira metade de 2020, a construção civil teve saldo positivo de 88 vagas, consequência da contratação de 740 e dispensa de 652 trabalhadores.
Especialistas afirmam que o crédito barato, ou seja, taxa básica de juros (Selic) baixa e os recursos que estão sendo injetados na economia local com programas de auxílio do Governo Federal explicam o bom desempenho do setor, que vinha passando por desaceleração nos anos anteriores.
As medidas de preservação de empregos adotadas pelo Governo Federal, como as reduções de jornada e de salário, também são um ponto importante para que ambos os setores criassem vagas. Segundo sindicatos da região, mais de cinco mil empresas adotaram dessas ações, atingido cerca de 43 mil trabalhadores.
BRN se destaca
Um dos melhores exemplos da boa notícia relativa ao mercado de trabalho na construção civil do Noroeste Paulista é a BRN PAR. A construtora, que antes da pandemia somava cerca de 600 colaboradores, atualmente conta com aproximadamente 750.
De acordo com o administrador da BRN Lomy, Evandro Nobre Cruz, a empresa pesquisou e estudou detalhadamente a sua área de atuação, e chegou à conclusão ajustes no planejamento e rigor na gestão darão o resultado esperado.
“A demanda por imóveis na região existe e temos os produtos adequados. Por isso, decidimos ampliar a nossa força de trabalho, reprogramando todas as entregas de obras para dezembro. Além disso, continuamos fazendo investimentos nos lançamentos de novos empreendimentos no Noroeste Paulista”, afirma Cruz.
Para ilustrar o que diz, o administrador cita os residenciais Luana, cujas obras já começaram, e o Sylvio José Venturolli, que será lançado em setembro. Os dois ficam na região Norte na região Norte de Araçatuba. No caso do Luana, o prazo de entrega é de 24 meses. Serão 158 casas do MCMV, nas Faixas 1,5 e 2. A maior parte dos contratos de financiamento com a Caixa já foi assinada, mas ainda há unidades disponíveis.
O Sylvio Venturolli fica no final da via Etelvino Pereira dos Santos, às margens da rodovia Elyeser Montenegro Magalhães. Com 512,9 mil m2, casas, lotes residenciais, comerciais e mistos, trata-se de um dos maiores empreendimentos imobiliários dos últimos anos no município.
O projeto vislumbra também espaços para a instalação de equipamentos comunitários e urbanos, como UBS (Unidade Básica de Saúde), escola e creche, assim como praças de lazer, prática esportiva e entretenimento. As áreas institucionais somam mais de 39 mil m2.
A maior parte das contratações da construtora estão relacionados a esses dois conjuntos residenciais, assim como para a conclusão dos projetos do Novo Vivaldi e Novo Iasmim (empreendimentos premium), adequados e otimizados para serem entregues no final deste ano.
A força do agro
Já os números do agronegócio mostram a criação de 12 postos de trabalho formais, resultado da admissão de 116 empregados e demissão de 104. O presidente do SIRAN (Sindicato Rural da Alta Noroeste), Fábio Brancato, explica que o setor está se aproveitando de um bom momento das exportações, especialmente na pecuária de bovinos e suínos. “Além disso, os grãos como a soja, milho e feijão também passam por uma situação ímpar nas vendas para o mercado externo, juntamente com o açúcar, que alavancam o setor. Vendo isso, as indústrias demandam mais vagas e mais funcionários, e pulsam forte mesmo durante a pandemia da Covid-19”, explica.
As exportações do agronegócio do Brasil atingiram US$ 10 bilhões em julho, alta de 11,7% em relação a igual período do ano anterior e o equivalente a 51,2% do valor total exportado pelo país no mês passado, informou o Ministério da Agricultura no último dia 12. O resultado foi puxado por firmes altas na comercialização de produtos como soja, açúcar, celulose, algodão e carnes suína e bovina, disse a pasta, que também destacou o crescimento nos embarques para a China.
“O crescimento de quase US$ 1 bilhão nas exportações para a China explica a expansão das vendas externas em julho deste ano”, afirmou o Ministério em comunicado, acrescentando que os embarques para o país asiático somaram US$ 3,85 bilhões, avanço de 34,3% na comparação anual.
“O fato é que o agro não para. Todo mundo precisa comer, assim como praticamente todos os setores produtivos utilizam material, elemento, um item que seja produzido no campo. E, especificamente aqui no Noroeste Paulista, somos uma promissora fronteira do setor. Prova disso é ao resultado do Caged”, finaliza Brancato.