Um dos assuntos que mais repercutiu e gerou indignação em pessoas e instituições de vários estados e cidades do Brasil foi o fato de uma mãe ter perdido a guarda da sua filha, uma adolescente de 12 anos, após ela ter participado de um ritual de candomblé. O caso, que aconteceu em Araçatuba (SP), despertou a importância de se falar sobre racismo religioso e, principalmente, a laicidade de Estado.
Justamente por isso, é que os coletivos Círculo de Cultura, Movimento Dialogue, Centro Cultural Obadará Africanidade e Casa Maria promovem, nesta terça-feira, uma live para tratar desses temas. A transmissão terá início 19h e irá de ocorrer de forma simultânea pelo Youtube e Facebook do Coletivo Círculo de Cultura.
Para debater sobre os assuntos, a live terá as participações de Aparecida Mineiro, que é Assistente social, Conselheira Estadual do Conselho Regional de Serviço Social (CRESSSP) e Integrante do Comitê Assistentes Sociais no Combate ao Racismo; Júlio Cezar de Andrade, mestre em Serviço Social e Políticas Sociais pela Unifesp, especialista em serviço social e políticas públicas para a juventude. Foi militante no Movimento Negro Uneafro Brasil; Ekeji Eliandra Barreto, que é coordenadora do Centro Cultural Obadará Africanidade e Ponto de Leitura Preta Obadará e Luciano Alves, mestre em Serviço Social pela PUC (SP), ex-conselheiro do CRESS-SP e Assistente Social na Defensoria Pública do Estado de São Paulo (Unidade Caraguatatuba).
SERVIÇO
Live: Racismo Religioso na Infância e a Laicidade do Estado
QUANDO: Nesta terça, 19h
TRANSMISSÃO SIMULTÂNEA: encurtador.com.br/ajuwA
REALIZAÇÃO: Círculo de Cultura, Movimento Dialogue, Centro Cultural Obadará
Africanidade e Casa Maria
ENTENDA O CASO
Uma manicure, de 41 anos, que havia sido denunciada por maus-tratos e possível abuso sexual, após levar a filha, de 12 anos, a um terreiro de candomblé, no dia 23 de julho, em Araçatuba, perdeu a guarda da criança e está tentando reverter o caso na Justiça.
Ela falou com a reportagem do Regional Press e disse que houve exagero na denúncia, e que a menina estava apenas fazendo o ritual de iniciação no Candomblé.
A manicure explicou que a iniciação é como um retiro, onde a criança fica alguns dias no terreiro, quem tem estrutura de uma residência, e não tem nada a ver com cárcere e também não há qualquer tipo de sofrimento. O ato de raspar a cabeça faz parte do ritual e a menina, envolvida no caso, estava ciente e concordou, segundo a mãe.
A manicure disse que sua mãe foi influenciada por suas irmãs para entrar com o pedido da guarda da menina, após exposição do caso na mídia. Ela disse que sempre manteve um bom relacionamento com a mãe, mas agora não se relaciona mais e nunca acreditou que a mãe pudesse pedir a guarda de sua filha. Ela disse que nunca teve nenhum tipo de problema de relacionamento com a filha, que pudesse afetar na decisão judicial para a perda da guarda.
A mulher diz que como seus familiares são católicos, não aceitam os atos de sua religião, e entende que isso é intolerância religiosa, tese inclusive que a defesa está usando na tentativa de reaver a guarda para a mãe.
A manicure disse que ficou surpresa com a decisão, ao perder a guarda da filha, principalmente porque nem ela e nem a criança foram ouvidas. Segundo a mãe, sua filha passou por exame no IML e não ficou constatado que a menina sofreu algum tipo de lesão corporal