O número de animais silvestres resgatados na região de Araçatuba aumentou em mais de 15% por causa das queimadas. A AMC (Associação Mata Ciliar), que vem gerenciando o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) da Unesp, em Araçatuba, recebeu na semana passada mais um animal vítima de queimada. Trata-se de um tamanduá-bandeira, encontrado em uma área de queimada da cidade. O animal foi atendido, mas veio a óbito devido à gravidade das queimaduras.
Um levantamento feito pela associação indica que em 2019, 127 animais silvestres foram recebidos por eles vítimas de queimaduras, sendo que 59 foram no primeiro semestre e 68 no segundo semestre daquele ano. De acordo com a Associação, o número de animais que eles atendem devido as queimadas aumenta a cada ano, principalmente devido à mudança de clima – com a temporada de estiagem mais longa, a propagação do fogo é favorecida.
Nesta conta, também estão incluídos animais resgatados vítimas de atropelamento e órfãos, próximos às rodovias. “É possível notar que há um crescimento de aproximadamente 15% em época de queimadas, comprovando que também há aumento nos casos de animais que são vítimas indiretas dessas queimadas”, diz a associação por nota.
Nas cidades da região de Araçatuba, a quantidade de animais silvestres que são vítimas de queimadas é bem grande e, segundo informações do Cras, eles podem chegar tanto como vítimas da queimada em si, como também vítimas de atropelamento em rodovias próximo a essas queimadas.
Morte silenciosa
Ainda, de acordo com a Associação, é importante salientar que, animais silvestres que são vítimas diretas do fogo, na maioria das vezes, morrem sem receber atendimento e o tamanduá-bandeira recebido nos últimos dias foi uma exceção, já que foi visto pegando fogo e resgatado.
“A maioria dos animais morrem silenciosamente no meio das queimadas. Essa comprovação é feita principalmente em ações pós-queimada, onde a área é vasculhada em busca de remanescentes de foco de fogo e os animais são encontrados já carbonizados e mortos”, afirma.
Apenas vítimas diretas de queimadas, já foram recebidos pelo Cras: 1 jabuti, 1 asa-branca e dois tamanduás-bandeiras. “É interessante, inclusive, salientar que o tamanduá-bandeira é uma espécie que possui uma pelagem extremamente inflamável, por isso o animal realmente acaba pegando fogo em meios às queimadas”, ressalta a AMC.
Outros animais que devem ser considerados são os que acabam sendo vítimas indiretas de queimadas. “Isso é muito claro com o crescimento do número de animais atropelados e órfãos nos meses de estiagem, entre julho a outubro. Com a queimada, os animais, ao tentarem fugir do fogo, acabam desesperadamente cruzando rodovias e são atropelados. Há também aqueles filhotes que se perdem de suas mães e acabam ficando sozinhos”, conta.
Associação
A Associação Mata Ciliar (AMC) é uma entidade sem fins lucrativos declarada de Utilidade Pública Federal e que desde 1987 desenvolve diversas ações para a conservação da biodiversidade. A Associação possui unidades em Jundiaí, Pedreira, Vargem e Araçatuba.
Em Araçatuba, estão em atendimento desde agosto de 2018, através de uma parceria firmada com a Faculdade de Medicina Veterinária Campus Araçatuba (Unesp), onde gerenciam o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), atendendo animais resgatados pela Polícia Ambiental e Corpo de Bombeiros da região, oferecendo tratamento veterinário e reabilitação.
A Associação Mata Ciliar tem como um dos objetivos principais para os próximos meses estruturar uma parceria com as prefeituras locais e com as usinas da região, para que projetos de educação ambiental possam ser potencializados, contribuindo para reduzir o número de vítimas de queimadas e outros acidentes.