Uma corretora de 39 anos, moradora no bairro Paraíso, em Araçatuba, procurou a polícia na tarde desta quinta-feira (30) para denunciar um crime de estelionato contra uma empresa localizada no New York Tower, nos altos da avenida Brasília, que atua na intermediação de investimentos em criptomoedas e foi alvo, em dezembro de 2019, da operação “Lucro Fácil”, desencadeada pela Polícia Civil de Araçatuba. Um homem de 44 anos perdeu R$ 82 mil com a mesma empresa e procurou a polícia ontem (31). Na quarta-feira (29) um lavrador também registrou um boletim de ocorrência contra a mesma empresa, após perder mais de R$ 40 mil.
A mulher está tentando, sem sucesso, reaver parte do dinheiro investido, cujo prejuízo, sem juros, é de R$ 134 mil. Ela contou que fez três contratos de investimentos em criptomoedas, por intermédio da empresa de Araçatuba, totalizando R$ 185 mil.
Do total investido, recebeu quatro parcelas de R$ 9.750 e uma parcela no valor de R$ 12 mil, pagas até janeiro de deste ano. Após este período a empresa parou de repassar os valores. A vítima disse que não consegue mais contato com os responsáveis e nem com empresas que fariam o ressarcimento dos valores.
Já o homem que procurou a polícia ontem relatou que investiu R$ 100 mil. No primeiro mês ele recebeu R$ 7 mil que seria referente ao rendimento do dinheiro aplicado. Em seguida ele investiu mais R$ 10 mil. Nos três meses seguintes, novembro e dezembro de 2019 e janeiro de 2020, recebeu parcelas do mesmo valor. No entanto, a partir de fevereiro deixou de receber os valores e não conseguiu mais manter contato com a empresa, e pediu representação criminal contra o proprietário da empresa, um empresário de 39 anos, de Birigui.
Na quarta-feira, um lavrador de 76 anos, morador no bairro Água Limpa, fez uma denúncia contra a mesma empresa, após perder mais de R$ 40 mil. O idoso foi à delegacia acompanhado de um advogado e relatou que foi procurado por duas funcionárias da empresa que trabalha com intermediação de investimentos em criptomoedas. O homem fez um contrato e investiu, em janeiro de 2019, R$ 88 mil, com promessa de juros de 8% ao mês.
Ele chegou a receber seis parcelas no valor de R$ 7.072,00, totalizando R$ 42.432,00, que seriam referentes aos juros do dinheiro investido. No entanto, em janeiro deste ano, quando houve uma operação da Polícia Civil de Araçatuba na sede da empresa, ele deixou de receber os valores e perdeu contato com a empresa.
A Operação
A investigação realizada desde o começo de 2019 pela Polícia Civil aponta que centenas de pessoas no país caíram no golpe do investimento por meio da compra de moedas virtuais da empresa denunciada pelo lavrador.
O prejuízo seria de pelo menos R$ 5 milhões, segundo um levantamento da Delegacia Seccional de Araçatuba. No dia 17 de dezembro de 2019 policiais civis cumpriram sete mandados de busca no âmbito da operação Lucro Fácil, desencadeada para desarticular o esquema.
Segundo o delegado Alessander Lopes Dias, assistente da Delegacia Seccional de Araçatuba, o alvo principal da ação foi a empresa de Araçatuba, com sede no edifício comercial New York Tower, na avenida Brasília, em Araçatuba.
De acordo com a polícia, a empresa oferecia lucros bem acima do mercado para investidores interessados na compra de moedas virtuais ou cotas envolvendo várias criptomoedas. A empresa funcionava como se fosse uma corretora. Conforme apuração da polícia civil, os clientes recebiam os supostos lucros apenas nos primeiros meses de investimento, como o caso denunciado pelo lavrador.
Acreditando em lucros vultuosos, muitos deles investiam pesado. Segundo a polícia, a partir de então, o golpe era aplicado e os clientes ficavam sem mais nenhum contato com a empresa e com o dinheiro.
“Eles faziam a pessoa acreditar que o negócio era muito vantajoso, mas depois cortavam o contato sem devolver o dinheiro”, contou o delegado.
Segundo ele, só no Estado de São Paulo, foram identificados, até o momento, pelo menos 30 ocorrências de pessoas que se sentiram lesadas financeiramente pela empresa. Há várias ações na Justiça contra a empresa, que tem como sócio presidente um empresário de Birigui.