As aulas presenciais nas redes particular e pública de educação em São Paulo, suspensas desde março em razão da pandemia do novo coronavírus, devem ser retomadas em agosto com a adoção de um sistema híbrido – parte nas escolas, parte online, como vem sendo feita hoje – e com a limitação do número de alunos por sala, no caso do ensino presencial. As discussões estão em andamento, envolvendo o governo estadual, professores e representantes das instituições do setor privado.
Em uma reunião virtual na terça-feira 2, foi apresentada uma proposta do governo João Doria (PSDB) para a retomada gradual, a partir de agosto.
Professores e diretores da rede pública ouvidos por VEJA afirmam que, em um primeiro momento, seria estabelecido um limite de 20% dos estudantes por sala, que se revezariam em um esquema de rodízio – na rede estadual, afirmam os docentes, as salas possuem, em média, 40 alunos.
Com isso, grupos de oito estudantes iriam uma vez por semana aos colégios. Alteração na capacidade das salas dependerá da evolução do quadro da pandemia.
Em uma primeira etapa, dizem os professores, o conteúdo continuará sendo disponibilizado na plataforma digital do governo estadual, o Centro de Mídias, e o atendimento presencial funcionaria como uma espécie de plantão de dúvidas.
O governo ainda estuda detalhes do protocolo a ser adotado, como a data do início das aulas presenciais. A Secretaria Estadual de Educação é a responsável pela coordenação setorial da área, dentro do Plano São Paulo – que define as regras gerais para a retomada das atividades no estado -, e vem realizando reuniões com instituições públicas e privadas para organizar a volta às aulas.
“A retomada será gradual e regionalizada, seguindo o que os dados científicos sobre a epidemia indicarem em cada região do estado. As diretrizes devem ser apresentadas à sociedade nas próximas semanas”, informa a pasta em nota enviada a VEJA.
Embora elogiem a elaboração do plano de retomada, entidades do setor privado demonstram preocupação com a data do retorno. Presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), que representa as escolas particulares, Benjamin Ribeiro da Silva defende que a volta seja iniciada pela educação infantil. “Se o governo discute a reabertura do comércio, precisa discutir a volta da educação infantil. A ida dos pais ao trabalho implica a preocupação em ter com quem deixar os filhos”, diz.
O sindicato ainda discute com o governo os moldes das aulas, mas pleiteia a presença de, no mínimo, 50% dos alunos por sala de aula. O Sieeesp representa cerca de 10 mil instituições e 2,4 milhões de alunos.
Já a presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), a deputada estadual Maria Izabel Azevedo Noronha (PT-SP), defende que a prioridade seja dada aos alunos do ensino médio, em especial, os do terceiro ano, que são vestibulandos.
“Foi uma grande vitória o adiamento do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mas os vestibulares das grandes universidades e do Centro Paula Souza (instituição estadual pública de cursos técnicos de nível médio e superiores tecnológicos) foram mantidos. Neste caso, é fundamental que os alunos do ensino médio tenham uma atenção especial. O calendário da educação infantil, da educação fundamental, consegue ser adaptado”, afirma.
Na quinta-feira, 11, representantes da Apeoesp, da União Estadual dos Estudantes (UEE), da União Nacional dos Estudantes (UNE), do Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza (Sinteps), e reitores das universidades paulistas participarão de uma audiência pública sobre a possibilidade de adiamento dos vestibulares.