Hélio Consolaro*
A pandemia tomou conta de nossas vidas e de nossa língua. Eu estava numa das agências do Banco do Brasil, quando me vi lendo uma mensagem no chão, debaixo de meus pés:
A mensagem (palavras de quem fala), por isso devia ter usado “esta distância”. Os pronomes demonstrativos localizam os objetos, as coisas no espaço em relação às pessoas do discurso.
PERTO DO EMISSOR – eu/nós: este, estes, esta, estas, isto
PERTO DO RECEPTOR – vós, você, vocês: esse, esses, essa, essas, isso
PERTO DO REFERENTE (ASSUNTO) -ele, eles: aquele, aquela, aquela, aquelas, aquilo.
Trata-se de uma sutileza, poucos usuários da língua portuguesa conhecem-na. Nada grave, mas é sempre bom saber.
Na mesma agência, havia outra mensagem, com gel disponível para os clientes, com a seguinte indicação:
Anel de ouro, banco de madeira são formas corretas, porque a expressão preposicionada indica a propriedade do substantivo. Para isso, nada melhor do que preposição “de”. No caso em pauta, não poderia ser “álcool de gel”, pois o desinfetante não é feito de gel, a pasta é apenas um veículo.
Aliás, usa-se o álcool acompanhado de gel porque houve uma época em que havia muitos incêndios, queimaduras com o álcool líquido, inclusive acendendo churrasqueiras. O uso do gel no álcool foi uma medida preventiva.
“Álcool com gel” estaria certo, como correto está “Álcool em [forma de] gel”. Nada a corrigir.
Numa repartição pública estava escrito: “Proibido a permanência de pessoa sem máscara”. A forma correta é “Proibida a permanência de pessoa sem máscara”, porque o substantivo “permanência” está acompanhado de artigo definido feminino “a”. Trata-se de um erro de concordância. Esse erro é mais perceptível aos usuários da escrita.
*Hélio Consolaro e professor de Português
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