A empresária e produtora cultural Flávia Nascimento dos Santos, 23 anos, está acusando um vigilante e um gerente de um supermercado de Araçatuba pelo crime de injúria. Ela registrou um boletim de ocorrência e também publicou um vídeo que viralizou nas redes sociais após o ocorrido, na tarde desta terça-feira (2). A mulher diz que o gerente do estabelecimento a agarrou pelo pescoço e se a empresa disponibilizar imagens do circuito de câmeras será possível comprovar sua afirmação.
Em entrevista ao Regional Press, Flávia explicou o ocorrido e disse que não é a primeira vez que tem problemas no mercado. Ela disse que foi ao estabelecimento com trajes bem simples. Acredita que por estar vestida de forma muito mais simples do que os clientes que frequentam o local, e pelo fato de ser negra, passou a ser acompanhada, o tempo todo, por um vigilante.
“Eu já estava desconfiada que o segurança me seguia. Aí resolvi fazer um teste. Fui de uma ponta a outra do mercado. E novamente, onde eu ia ele estava atrás, relatou a advogada, que decidiu questionar a atitude do profissional, dizendo que estava incomodada. Ela foi informada que era um protocolo do mercado e tratava-se de procedimento interno.
Flávia ainda questionou se o protocolo valia apenas para ela, porque outros clientes transitavam normalmente pelo estabelecimento. Quando ela questionava o vigilante um homem, identificado como gerente, se aproximou e entrou na conversa. O segurança, segundo ela, disse, “”tudo é racismo, e vocês são uns frustrados”.
A empresária disse que o gerente, também truculento e irredutível, ordenou para a vítima se retirar do local. Ela se sentiu ofendida e soltou sua compra, momento em que o gerente teria investido esganando-a com as duas mãos, apertando o pescoço. Ela inclusive pede para que o estabelecimento disponibilize imagens do circuito de segurança, para comprovar sua versão dos fatos.
Por fim, conforme o boletim de ocorrência, em tom de voz agressivo, este gerente ordenou para ela se retirar da loja e ainda disse: “nunca mais volta aqui”, direcionando de forma truculenta e violenta a vítima até a saída do estabelecimento.
Flávia ainda relatou que o gerente afirmou para ela que, “este supermercado não é para você, se retire e não volte nunca mais!”. A vítima foi agredida e expulsa. Ela disse que quando era estudante, em uma das ocasiões, foi chamada pela administração do mesmo estabelecimento e acusada de ter feito compra passando uma nota falsa.
Após o corrido ela postou um vídeo nas redes sociais que gerou bastante polêmica, contra e também a favor de sua postura. Um movimento de protesto em gente ao estabelecimento também está sendo organizado nas redes sociais.
A direção do estabelecimento emitiu uma nota oficial a respeito do assunto. Confira:
“A Coopbanc sente profundamente pela situação ocorrida e como a nossa cliente se sentiu.
Entendemos que todas as pessoas devem ser tratadas com respeito, independentemente do gênero, raça, idade ou orientação sexual. O funcionário envolvido no caso foi imediatamente afastado de suas funções.A Coopbanc informa, ainda, que está discutindo e reavaliando todos os procedimentos internos de segurança para que situações como essa não ocorram novamente, reorientando sempre a prática pelo respeito”.
A reportagem apurou junto à empresa que o funcionário afastado das funções é o gerente envolvido no caso.
Vídeo postado pela empresária:
https://www.facebook.com/mulheresemaracatuba/videos/308285593502608/
REPÚDIO
Flávia também é integrante do Comitê Municipal do PC do B em Araçatuba, que emitiu uma nota de repúdio em relação ao caso. Confira alguns trechos:
“Os tempos são mesmos aqueles onde os fascistas saíram do armário em nosso Brasil. Seguindo orientações dos gabinetes de ódio que vicejam em nosso país, sabedores que estão acima de qualquer suspeita, pois acobertados pelas elites e seus áulicos, atacam uma mulher, advogada, militante na defesa da Democracia e dos Direitos Sociais, Econômicos e Culturais e produtora cultural por ser… negra! Não apenas verbal, mas fisicamente!
Pior, nas dependências de um supermercado que trai suas próprias origens trabalhistas, pois foi fundado para atender a essa categoria e que hoje atende parcelas outras da sociedade araçatubense. As autoridades competentes devem punir exemplarmente esses agressores e seus mandantes. Os EUA se tornaram um barril de pólvora por conta do insensato assassinato de um negro pela polícia e o mundo tem manifestado seu desaprovamento total por conta desse ato odioso”.