Em dia em que um novo recorde de mortes foi atingido no Estado de São Paulo, com 340 óbitos registrados em 24 horas, a gestão João Doria (PSDB) decidiu que as cidades das regiões de Barretos e Presidente Prudente, no interior do Estado de São Paulo, terão de adotar regras mais rígidas da quarentena por causa do aumento de casos de coronavírus. A partir de segunda-feira, 15, essas regiões saem da zona “amarela” e migram para a zona “vermelha” do Plano São Paulo. Ribeirão Preto, que era “laranja”, também recuará para a restrição total. A quarentena foi prorrogada pela quarta vez, agora até o dia 28 de junho. Ela estava prevista para terminar no dia 15.
Em um movimento oposto, as regiões da Grande São Paulo, da Baixada Santista e de Registro (o Vale do Ribeira), que concentram 26% da população do Estado, migraram da classificação “vermelha” para a “laranja” após redução do número de novos casos e aumento do número de leitos de internação. “A epidemia desacelerou”, disse o secretário de Desenvolvimento Regional. Marco Vinholi, ao justificar a decisão.
O total de mortos no Estado nesta quarta-feira chegou a 9.862. O total de casos confirmados em São Paulo passou de 150.138 para 156.316 nas últimas 24 horas. As autoridades da área de saúde destacaram que o crescimento está dentro das projeções do governo.
“Há três semanas, os estudos indicavam que os casos iriam se estabilizar na região metropolitana e aumentar no interior”, disse Doria. “E foi exatamente o que aconteceu”, afirmou. Doria disse que conduzirá o plano de abertura com firmeza, mas “a mesma firmeza teremos também para recuar”.
Outras regiões, como Bauru e Araraquara, que eram “amarelas”, migraram para “laranja”, que permite a abertura do comércio por quatro horas por dia e com limite de 20% da lotação nos estabelecimentos.
Por causa da adição de novos leitos de Unidades de Terapia Intenstiva (UTI) no Estado e a estabilização de casos da Grande São Paulo, a taxa de ocupação dos leitos caiu de 72,6% para 69,1%. A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, destacou que, mesmo com a classificação “vermelha” em três regiões administrativas, em nenhuma delas há falta de leitos de UTI. Se esse fosse o único critério, todo o Estado estaria na classificação “verde”, disse ela.
O secretário-executivo do Centro de Contingência do Cororavírus em São Paulo, João Gabbardo, destacou que a redução do distanciamento social no interior do Estado pode ser uma das causas para o aumento de casos nessas regiões. Mas ele afirmou que poderia haver mais fatores. “O vírus às vezes tem uma evolução que foge da nossa capacidade de projeção. A mudança não está só relacionada à diminuição do isolamento. Existem algumas teses, mas não existe nada confirmatório”, disse.
Em entrevista coletiva ocorrida no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, no Morumbi, Doria foi questionado sobre o fato de as regiões de Barretos e Prudente, reclassificadas como zonas de restrição máxima, terem começado o plano no nível “amarelo”. “Não houve erro algum (na classificação). Nós seguimos os índices e a orientação da ciência. Não seguimos pressões políticas”, respondeu o governador.
As avaliações das cidades, fator determinante autorizar ou não as atividades comerciais, serão feitas a cada semana. Mas as reuniões semanais só vão decidir se a região se mantém na mesma classificação ou se é preciso que recue. Apenas em reuniões a cada duas semanas é que serão consideradas as condições para que a cidade avance de fase no plano de reabertura.