A medida de isolamento social que vem sendo adotada pelo governo paulista para conter a propagação do novo coronavírus foi o assunto mais comentado na 9ª Sessão Ordinária do ano, realizada por videoconferência na segunda-feira (13).
Durante o Pequeno Expediente, os vereadores Lucas Zanatta (PV), Rivael Papinha (DEM), Tieza (PSDB), Arlindo Araújo (MDB) e Gilberto Batata Mantovani (PL) manifestaram opiniões diferentes sobre a quarentena no Estado de São Paulo, que começou a valer no dia 24 de março com o fechamento do comércio não essencial.
Referindo-se a ofício encaminhado na semana passada ao prefeito Dilador Borges (PSDB), o vereador Lucas Zanatta anunciou que é contrário ao isolamento social. No documento, o parlamentar solicita a retomada gradual da abertura do comércio em Araçatuba, pois entende que a medida foi desproporcional e acarretará enormes prejuízos.
“Nós não estamos tendo um isolamento da forma como foi pedido. As pessoas estão se encontrando nos bancos, nos supermercados, nas lotéricas. E, mesmo com o alto potencial de contaminação desse vírus, os números não estão elevados. O que é real é o índice de desemprego e de quebradeira na economia”, avaliou Zanatta.
Para ele, a crise econômica também repercutirá na saúde. “O número de infartos, suicídios, AVC, depressão e violência doméstica pode aumentar e muito devido a esse isolamento. Esses sim são dados muito mais reais”, considerou o vereador.
CAUTELA
O vereador Rivael Papinha demonstrou preocupação com a aglomeração nos bancos. “As pessoas estão na fila para tirar dúvidas, muitas vezes, de fácil resolução. Pessoas idosas, com problemas de saúde, todas se expondo, no sol. É de dar dó. Os bancos precisam dar uma melhor assistência aos cidadãos”, pediu o parlamentar.
Para ele, o momento exige diálogo e união. “Precisamos dar um respaldo para a questão econômica da nossa cidade, mas precisamos de muita cautela. Temos que pensar na economia, mas caminhar junto com a saúde”, afirmou.
OBEDIÊNCIA
A vereadora Tieza foi mais incisiva na defesa da quarentena. “Quero cumprimentar todas as autoridades de saúde que insistem e apostam no isolamento social”, disse a presidente da Câmara. “Para mim, essa doença vem mostrar que eu posso sofrer com ela, mas o pior é que eu posso, com a minha irresponsabilidade, fazer o sofrimento dos outros. A ordem agora é sermos obedientes a quem entende do assunto”, completou.
Durante o seu pronunciamento, Tieza também divulgou uma nota técnica do Ministério Público Federal que alerta os gestores públicos sobre o risco de afrouxar as medidas de restrição de circulação sem um sistema de saúde devidamente estruturado. “A flexibilização da quarentena em meio à pandemia do novo coronavírus pode configurar ato de improbidade administrativa”, destacou em trecho do documento.
RESPEITO
Embora não inscritos no Pequeno Expediente da 9ª Sessão Ordinária do ano, os vereadores Arlindo Araújo e Gilberto Batata Mantovani pediram pela ordem para se posicionar sobre o assunto.
Arlindo Araújo afirmou que é preciso respeitar a ciência. “O vírus é extremamente agressivo, altamente contagioso. Faz três meses que está morrendo gente no mundo inteiro. Por que aqui vai ser diferente, com uma população com cultura menor, higiene menor e estrutura hospitalar deficitária?”, indagou o parlamentar. “Por que apostar no pensamento de um ou de outro, sendo que a maioria da comunidade científica no mundo inteiro preconiza o isolamento social?”, concluiu.
No mesmo sentido, pronunciou-se o vereador Gilberto Batata Mantovani. “Sei que está difícil a questão do emprego, mas uma vida vale mais. Se não fosse a quarentena, muito mais mortes estariam ocorrendo. O remédio no momento é o isolamento social. Não tem outro”, disse Batata, lembrando que o sistema de saúde é deficitário. “Não temos leitos suficientes. Não vamos suportar se houver uma demanda maior de internações”.
A quarentena nos 645 municípios de São Paulo continua em vigor até o dia 22 de abril, conforme decreto assinado pelo governador João Doria.