A quarenta imposta pelo governo do Estado em função da pandemia de covid-19 provocou uma corrida aos depósitos de gás de cozinha (GLP). O aumento na procura é de 40%, pois os consumidores que estão em isolamento social resolveram estocar o produto, já que estão cozinhando em casa, e temem a falta de gás em plena crise da saúde.
O aumento nas vendas é confirmado pela Petrobras. A estatal informou que, no mês de março, as vendas totalizaram 615 mil toneladas, 8 mil toneladas a mais do que a média mensal registrada antes da pandemia.
De outro lado, a produção de gás de cozinha foi prejudicada pela queda na demanda por outros combustíveis (gasolina, diesel e querosene de aviação), o que levou à redução do processamento nas refinarias.
No depósito Ipanema Gás, localizado na rua do Fico, não tem produto para vender desde a segunda-feira (6). A revendedora costuma receber de 40 a 45 botijões por dia, mas hoje recebe 20. “A procura está maior que a oferta. As pessoas estão estocando gás em casa e não deixam para quem realmente precisa”, afirma a comerciante Daniela Almeida, que tem expectativa de receber novo carregamento nesta quinta-feira (9).
Em outro estabelecimento, que vende uma média de 200 botijões por semana, recebeu apenas 20 unidades nesta terça-feira (7). “Quando as pessoas ligavam pedindo gás, eu perguntava se elas realmente estavam precisando ou se eu poderia passar para outra pessoa que já estava sem o produto”, contou a dona do depósito, que pediu para não ser identificada.
Uma outra revenda, que comercializava entre 50 e 80 botijões por dia, também não tinha produto. No entanto, os fornecedores só entregaram 40 unidades na semana passada. “O que tem vende em meia hora”, disse o proprietário.
Em outras cinco revendas consultadas pelo Regional Press, a situação é a mesma. Algumas revendas ficaram sem receber o produto por uma semana. Apenas um depósito tinha 30 botijões de gás para vender, nesta terça. Mas a velocidade das vendas era tanta que em poucas horas o estoque zerou.
Segundo a Petrobras, a redução do processamento nas refinarias será resolvida com a importação de GLP e que o abastecimento está garantido, por isso não há razões para que os consumidores estoquem o produto.
MOMENTÂNEAS
A Supergasbras Distribuidora informou que está operando normalmente para manter o fornecimento de GLP na sua Rede de mais de 11 mil postos de revendas espalhadas pelo país. Esclarece ainda que, em virtude da já divulgada e desnecessária corrida dos consumidores finais para estocagem do produto, podem ocorrer faltas momentâneas de botijões de 13Kg em algumas praças.
“Tal situação não representa uma ameaça ao abastecimento do mercado. Como serviço essencial à população, mantemos nosso compromisso em atender mais 10 milhões de famílias e para isso nossos colaboradores estão atuando nas engarrafadoras e na distribuição dos botijões”, informou a empresa.
A distribuidora lembra que um botijão de 13 kg dura em média 45 dias para ser consumido. “Portanto, renovamos que não há necessidade de comprar além do necessário para o seu consumo regular”, afirmou à empresa em nota enviada ao Regional Press.
INESPERADO
De acordo com o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de GLP, Sérgio Bandeira de Mello, houve um aumento “surpreendente e inesperado” na procura por botijões de gás nos últimos dias de março em comparação com o mesmo período do ano passado.
Segundo ele, a Petrobras não conseguiu responder com a velocidade adequada, gerando um atraso entre dois e três dias para as entregas do produto. Ele disse, no entanto, que os efeitos da corrida por gás de cozinha pelo consumidor são momentâneos em função da demanda.
O Sindigás pede que o consumidor compre de forma consciente, para que não falte gás às famílias que precisam do produto para consumo imediato.