O corpo de uma mulher de 81 anos, que faleceu de Covid-19 em São Paulo, foi trazido para ser sepultado em Araçatuba, nesta sexta-feira (27), contrariando as normas de vigilância sanitária preconizadas pelo Ministério da Saúde. Apesar disso, as autoridades de saúde do município garantem que não há qualquer risco de contágio.
Mortos por doenças infectocontagiosas não podem ser transladados e devem ser sepultados no local do falecimento, conforme a resolução 33 do Ministério da Saúde, de 2011.
O artigo 10 da resolução estabelece que é vedada, em todo o território nacional, a prestação de serviço de conservação e translado de restos mortais humanos, em que o óbito tenha tido como causa a encefalite espongiforme, febre hemorrágica ou outra doença infectocontagiosa, como é o caso de H1N1 e coronavírus.
Em casos de morte por doenças infectocontagiosas, o hospital deve comunicar imediatamente à Vigilância Epidemiológica e Sanitária do município, por isso as autoridades de saúde pública de Araçatuba querem saber por que isso não foi feito assim que a mulher faleceu, em São Paulo.
“Vamos investigar por que o translado foi realizado e, no caso, será lavrado um auto de infração onde ocorrerá uma imposição de penalidade, sendo gerada multa”, explicou a dirigente de Vigilância Sanitária de Araçatuba, Neide Rodrigues Merle.
O CASO
O caso aconteceu nesta sexta-feira (27). A Vigilância Sanitária de Araçatuba foi pega de surpresa ao ser informada de que o corpo estava a caminho de Araçatuba, já próximo de Bauru. A partir daí, os profissionais de saúde acompanharam a chegada do corpo, que estava em uma urna lacrada e foi direto para o cemitério da Saudade. Não houve velório.
Os coveiros usaram equipamentos de segurança para fazer o sepultamento, como luva própria de cano longo, avental impermeável, bota e máscara. A alça do caixão foi higienizada com hipoclorito.
A idosa, cuja identidade é mantida em sigilo, tinha parentes em Araçatuba e havia manifestado o desejo de ser sepultada no jazigo dos pais, no cemitério da Saudade.
“Mas, infelizmente, como no atestado de óbito dela consta o Covid-19, isso não deveria ter sido feito. Não se pode expor as pessoas a esse risco”, disse Neide.