Pelo menos 66% dos 300 pacientes do Hospital do Rim que dependem de uma máquina para limpar e filtrar o sangue, em sessões que duram quatro horas seguidas e são realizadas obrigatoriamente três vezes por semana, têm Doença Renal Crônica em decorrência do diabetes, hipertensão arterial ou ambas. Definido pela Medicina como, comorbidade (ocorrência de duas ou mais doenças relacionadas no mesmo paciente e ao mesmo tempo), este fator também está presente em número significativo de pacientes que perderam as funções renais por envelhecimento ou outros tipos de doença cardíaca.
A Doença Renal Crônica é a diminuição lenta e progressiva (durante meses ou anos) da capacidade dos rins de filtrar os resíduos metabólicos do sangue. No caso dos diabéticos, a insuficiência renal é chamada de nefropatia diabética e resulta da longa exposição dos rins à glicemia elevada.
Os rins tanto podem ser vítimas quanto causadores da hipertensão arterial. Quando não tratada ou tratada de maneira inadequada, a hipertensão pode lesar vasos renais provocando a perda progressiva da função excretora dos rins. Por outro lado, se por fatores genéticos, níveis elevados de colesterol e hábitos nocivos à saúde como, o tabagismo por exemplo, os rins funcionam mal e não conseguem remover a quantidade adequada de sal e água do organismo esse volume no corpo aumentará e a pressão arterial.
“O tratamento adequado dessas doenças e exames clínicos regulares para monitorar a creatinina (principal indicador de infecção nos rins e insuficiência renal) são essenciais aos pacientes desses grupos”, explica o nefrologista Guiherme Ugino, da equipe médica do Hospital do Rim, ao destacar que o diagnóstico precoce e o tratamento imediato são importantes para a qualidade de vida dos pacientes renais crônicos.
O nefrologista alerta que em todos os casos de comorbidade, o comprometimento renal ocorre lenta e silenciosamente, sem sintomas ou sinais que indiquem que Doença Renal Crônica está em curso.
HEMODIÁLISE
O avanço destas doenças crônicas, e o aumento da expectativa de vida da população dos 40 municípios que têm a Santa Casa de Araçatuba como referência de tratamentos de alta complexidade em Nefrologia dobraram os atendimentos no Hospital do Rim. Inaugurado em 2014, o serviço começou com 27 máquinas para diálise, 180 pacientes e média de 1,8 mil sessões de hemodiálise por mês. Em cinco anos, o número de máquinas saltou para 50, os pacientes para 300, dentre os quais duas crianças de 8 e 11 anos.
A média mensal de sessões para 3,6 mil. Do total, 96,5% dos pacientes são do Sistema Único de Saúde. Para suportar a demanda em crescimento, o Hospital do Rim passou a funcionar das 5h30 às 20h30 em três turnos e ainda este ano deve instalar mais cinco máquinas de hemodiálise, suficientes para atender mais 30 pacientes. A capacidade de atendimento será de 330 pacientes.
Na hemodiálise, uma máquina limpa e filtra o sangue, liberando o corpo dos resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso de líquidos e ureia. A terapia renal substitutiva é realizada três vezes por semana. Cada sessão dura em torno de quatro horas. O HR atende ainda 30 pacientes que fazem diálise peritoneal, técnica em que a filtragem do sangue é realizada através da introdução de uma solução de diálise na cavidade peritoneal através de um cateter implantado na barriga. A diálise é feita pelo próprio paciente em sua casa, mas a indicação depende de avaliação do nefrologista e das condições clínicas do paciente.
O transplante é a esperança que move a maioria dos pacientes que dependem de sistemas artificiais de filtragem do sangue para continuar vivendo. Dos pacientes atendidos pelo Hospital do Rim, 70% têm perfil para entrar na fila nacional de espera por um rim. Nos últimos cinco anos, 105 pacientes realizaram esse sonho. Em média, quatro pacientes são chamados por mês para transplante no Hospital de Base de São José do Rio Preto e Hospital das Clínicas de Botucatu.
EXCELÊNCIA MÉDICA
O Hospital do Rim da Santa Casa de Araçatuba é o mais avançado centro de tratamento de doenças renais da região Noroeste Paulista. Possui tecnologia de ponta, como máquinas para hemodiálise importadas da Alemanha e Suécia que têm como diferencial o sistema individual de osmose (filtragem de água).
O serviço se destaca pela excelência da equipe médica e de profissionais de enfermagem e multidisciplinares. O responsável técnico é o nefrologista Luiz Claudio Andrades Lima. A unidade possui cinco médicos, todos com títulos de especialistas em nefrologia, que se revezam durante os três turnos de hemodiálise para garantir assistência presencial aos pacientes em caso de intercorrências.
A equipe médica também atua no atendimento de urgências e emergências realizando procedimentos invasivos e em alguns casos de alto risco com total segurança e eficiência para que rapidamente o paciente comece a dialisar. Os nefrologistas do HR dão suporte às UTIs Geral e Coronariana com avaliação e tratamento de pacientes em quadro de paralisação dos rins.
O Hospital do Rim mantém ambulatório de Nefrologia para pacientes encaminhados pelas redes de atenção básica da região. O atendimento é diário com consultas, exames e indicação de medicações para tratamentos preventivos. A média mensal é de 220 consultas.
“A maioria dos pacientes tem perdas de 20% a 30% das funções renais, mas quando tratados corretamente e com acompanhamento rigoroso não precisarão de diálise”, explica o nefrologista Akioshy Ugino, da equipe do Hospital do Rim. “Sem o acompanhamento rigoroso, pacientes com esse perfil clínico podem rapidamente evoluir para diálise.”
Hoje no Brasil são mais de 130 mil pacientes em tratamento dialítico que correspondem a 640 pacientes por grupo de um milhão de habitantes. O crescimento anual da DRC é em torno de 10%. “Em 10 anos devemos estar preparados para atender o dobro da população atual”, prevê Ugino.
HOSPITAL DO RIM EM NÚMEROS
50 máquinas para hemodiálise
300 pacientes/mês em hemodiálise
30 pacientes/mês em diálise peritoneal
3.600 sessões de hemodiálise/mês (média)