Apesar de as indústrias calçadistas de Birigui terem facultado o direito de voltar a produzir, a maioria deve permanecer fechada pelo menos até o dia 15 de abril, em decorrência do novo coronavírus, e dos reflexos que a pandemia vem causando na economia, com o comércio fechado e o isolamento social. Com 14 mil trabalhadores, cerca de 90% das 300 calçadistas de Birigui estão paradas.
A informação é do presidente do Sinbi (Sindicato da Indústria do Calçado e do Vestuário de Birigui), Renato Ramires, proprietário da Plugt Calçados, que fabrica sapatos infantis, ao comentar a decisão do governo estadual e municipal de liberar, de forma facultativa, o trabalho nas indústrias.
Inicialmente, conforme decreto municipal de 19 de março, as indústrias deveriam parar as atividades entre 31 de março e 13 de abril, como prevenção ao contágio pelo novo coronavírus. As empresas, no entanto, pararam antes do prazo previsto.
A maioria dos funcionários estão em férias coletivas e outros em bancos de hora. E a orientação do sindicato é para que não haja demissão. “Estamos fazendo de tudo para manter os empregos. Se demite, não tem o consumidor amanhã e a economia trava”, descreve o círculo vicioso.
Além da preocupação com o Covid-19 e as orientações para o isolamento social, o presidente do Sinbi afirma que o comércio está parado e, quando voltar a funcionar, não fará pedidos imediatamente.
ESTOQUES E DESTINOS
Conforme Ramires, as fábricas estão com muito sapato pronto, ainda da coleção de inverno. E há muito produto no trânsito para alguns destinos. “Temos sapato parado em transportadoras, pedidos cancelados e produtos voltando para as indústrias”, relatou.
Em relação às exportações, o comportamento é parecido. A empresa do presidente do Sinbi, por exemplo, tem pedidos para a Coreia e o Uruguai. “Está tudo pronto e metade já está paga, mas os clientes pediram para segurar a entrega, porque as lojas nestes países também estão fechadas”, disse.
Sobre as vendas virtuais, ele acredita que movimentaria um pouco a economia, mas ainda não justifica a volta do trabalho nas fábricas elas ainda não possuem matéria-prima para a coleção de verão.
PROTOCOLO
Preocupados com a economia e com a pandemia, os empresários criaram um comitê gestor que está debruçado em uma cartilha para criar um protocolo de saúde no trabalho de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Como a produção nas fábricas deve voltar após 15 de abril, o presidente do Sinbi diz que os funcionários ficarão longe uns dos outros, passarão por um asseio feito por um coordenador, terão a temperatura corporal aferida e ainda irão trabalhar com luvas e máscaras.
Conforme Ramires, a retomada do setor vai acontecer com a criação de estratégias, cursos e conferências para conhecer e avaliar o que deve acontecer na moda.
LIÇÃO
Sobre o momento de crise na saúde mundial que reflete também na economia, o presidente do Sinbi disse que as empresas acabam evoluindo em outros aspectos, aprendendo sobre gestão de problemas.
“Nós entendemos o anseio da população para a retomada da economia. Quem condições, coloque os funcionários de férias e faça um planejamento para que a retomada seja feita com menos problema possível”, disse.
Ele afirmou que, em tempos de pandemia, a preocupação deve ser com a saúde das pessoas, respeitando o que preconiza o OMS em relação ao isolamento social. “Nossa preocupação é com o principal item de uma fábrica, que é o material humano”.