O casal Laís Lorena Crepaldi, 20 anos, e Jonathan de Andrade Nascimento, 21, acusados pelo assassinato e esquartejamento do corpo do advogado Ronaldo César Capelari, 53 anos, no bairro Água Branca, em Araçatuba, foi denunciado pelo Ministério Público, nesta quinta-feira (12), acusados pelos crimes de latrocínio, destruição de cadáver e no caso da moça, falsa comunicação de crime. As penas podem ultrapassar 40 anos de prisão.
Conforme a denúncia, feita pelo promotor Sérgio Ricardo Martos Evangelista, a garota de programa Laís Lorena Crepaldi foi denunciada por latrocínio, ou seja, assalto que resultou na morte da vítima (pena pode chegar a 30 anos de prisão), destruição e ocultação de cadáver (pena de até três anos), e por terem agido em conjunto, concorrendo para o crime, podem ter a pena aumentada até a metade.
Laís Lorena ainda foi denunciada por ter acusado três rapazes injustamente, sabendo que apenas ela e seu namorado eram os autores, inicialmente, em seu primeiro depoimento, ela isentou o namorado e acusou três rapazes, que chegaram a ser presos e passaram uma noite detidos, sendo soltos no dia seguinte depois que a polícia apurou a farsa inventada pela acusada na tentativa de livrar Jonathan do crime.
A Justiça decretou a prisão preventiva do casal nesta quinta-feira (12). Até então, eles estavam presos em prisão temporária decretada na semana do crime.
Na denúncia o promotor pede análise e resposta no prazo de 10 dias para que seja instaurado processo-crime contra o casal, com relação ao crime que chocou a cidade pela sua brutalidade.
O advogado foi assassinado na noite de 13 de janeiro em uma edícula na rua Waldir Cunha, no bairro Água Branca, onde Laís Lorena morava e realizava seu trabalho como garota de programa. Na denúncia consta que o advogado já havia saído com ela três vezes, sendo os dois primeiros encontros em um motel, entre Araçatuba e Birigui, e o terceiro encontro havia sido na edícula da acusada.
SOFRIMENTO
Pelos laudos, consta que Capelari foi atacado com golpes de martelo nas costas e cabeça, na noite do dia 13 de janeiro. Pelo fato de ficar gemendo e se lamuriando pelas dores, teve a boca amordaçada por fita adesiva e depois a cabeça coberta com pano. Ele também teve os pés e as mãos amarradas para trás. Por fim foi esfaqueado nas costas e no pescoço, e ficou agonizando até por volta das 6h, horário que consta o falecimento, conforme laudo necroscópico.
FUGA
Na noite do crime Laís Lorena deixou Jonathan na edícula, para que ele sumisse com o corpo. Ela fugiu do local na companhia de um cliente, morador no bairro Concórdia. No entanto, conforme a denúncia, desde o período da tarde ela estava trocando mensagens o convidando para sair a noite. Ele só visualizou as mensagens no começo da noite. Ao passar na casa dela, não sabia o que havia acontecido e saiu com a moça do local, jamais imaginando que acabara de ocorrer um crime.
SEM SUCESSO
Durante a noite Jonathan não teve força suficiente para carregar o corpo de advogado. Já na madrugada ele pegou a caminhonete, que estava na garagem da edícula de Lorena, e abandonou em uma estrada de terra logo após a divisa entre Araçatuba e Birigui, na zona rural.
Sem condições de ter como dar fim no corpo o casal decidiu esquartejar. Jonathan comprou luvas cirúrgicas em uma farmácia no bairro Pinheiros e sacos de lixo em um mercado no Ivo Tozzi. Pegou uma serra de arco, facas e uma lima na casa de seus pais e partiu para a edícula, onde com a ajuda de Lorena, esquartejou o corpo do advogado, encontrado posteriormente por Policiais Militares.
PMs haviam recebido a denúncia de uma pessoa que viu nas redes sociais um vídeo com o encontro da caminhonete, e reconheceram o veículo, informando que o mesmo havia pernoitado na edícula de Laís Lorena, no Água Branca. Com base nesta denúncia a PM chegou até o local e encontrou o corpo dividido em três sacos plásticos no banheiro da casa.
CRONOLOGIA
De acordo com denúncia do Ministério Público, o crime começou a ser arquitetado um dia antes pela Laís, em razão da expressiva condição financeira do advogado. Na ocasião, ela falou sobre o plano ao namorado, que concordou em ajudar no roubo.Na mesma ocasião, ainda no domingo (12/01), ambos decidiram que a casa de Laís seria a cena do crime.
A fim de colocar o plano criminoso em prática, Laís enviou mensagem via WhatsApp para Ronaldo por volta das 18h30 da segunda-feira, 13 de janeiro. Ela convidava o advogado para um programa sexual, mas na verdade, segundo o Ministério Público, a intenção era o assalto. No momento do envio da mensagem, Laís estava ao lado no namorado e cúmplice.
Ronaldo aceitou o convite e chegou à casa de Laís por volta das 20h15. Ela o esperava perto do portão da casa e Jhonatan estava escondido dentro do imóvel. Assim que o advogado entrou na casa, foi atacado a golpes de martelada nas costas e na cabeça.
Segundo a denúncia do MP, Laís assistiu às agressões contra o advogado no quarto do imóvel. Por volta das 20h30, a vítima estava desmaiada e imobilizada, com os pés e mãos amarrados por uma corda e com fita adesiva na boca e um capuz na cabeça.
O casal passou a limpar a casa com um pouco de sangue que havia restado das agressões. Foi quando Laís notou que o advogado ainda estava vivo e, então, propôs que Jhonatan o matasse com uma faca de cozinha. O acusado desferiu facadas nas costas da vítima estava estava de bruços no chão. Em seguida, eles arrastaram a vítima até o banheiro e começaram a lavar o corpo repleto de sangue, bem como o corredor da casa.
Ao notar que a vítima tinha morrido, o casal roubou a aliança de ouro e o relógio que estavam na mão do advogado, o celular dele e uma pasta de couro contendo vários cheques. Cerca de meia hora depois, Laís mandou mensagem para outro cliente, que também mantinha contato para programas sexuais. Esse rapaz foi até as proximidades da casa com uma moto e, sem saber de nada, pegou Laís e a levou para dormir em sua casa.
Jhonatan trocou de roupas e saiu da casa para pegar uma marmita e retornou ao local do crime. Ele tentou colocar o corpo do advogado na caçamba da caminhonete, mas não conseguiu. Foi então que decidiu deixar o corpo no banheiro e abandonar a caminhonete na zona rural de Birigui, a cerca de três quilômetros do local do crime, por volta das 3h30 da madrugada. Jhoanatan voltou para cena do crime a pé. Em seguida, pegou sua bicicleta e foi para sua casa no bairro Umuarama.
O casal voltou a se encontrar por volta das 9h da manhã de terça-feira, dia 14 de janeiro, na casa de Jonathan. Ao ser informada que a vítima ainda estava na casa no bairro Água Branca, o casal decidiu esquartejar o corpo.
Por volta das 16h, Jhonatan comprou luvas plásticas cirúrgicas em uma farmácia no bairro Pinheiros e sacos plásticos em um mercado do bairro Hilda Mandarino. Em seguida retornou para sua casa, onde Laís o aguardava. O casal pegou ferramentas como arco de serra, facas, lima e foi até a cena do crime onde se deu o esquartejamento.
Segundo o MP, Laís prestou auxílio ao indiciado Jhoanatan, entregando-lhe ferramentas que foram utilizadas para seccionar o cadáver da vítima.
Jhonatan jogou as mãos da vítima, acondicionadas em saco plástico, em um Ecoponto localizado na Rua dos Fundadores, bairro Vista Veste. O acusado também arremessou o celular e a chave de ignição da caminhonete no Ribeirão Baguaçu, na ponte da Avenida Odorindo Perenha. Os membros e objetos não foram encontrados.