Um dos suspeitos de participação na morte de um casal e do filho adolescente, carbonizados em São Bernardo do Campo (SP), foi preso nesta terça-feira (4), em Avanhandava – cidade que fica a cerca de 70 km de Araçatuba (SP).
Michael Robert dos Santos estava escondido na cidade e foi preso por um equipe da Polícia Civil de São Bernardo do Campo, com apoio de investigadores do GOE (Grupo de Operações Especiais), da Delegacia Seccional de Araçatuba.
Até o momento, cinco pessoas – duas mulheres e três homens – estão presas acusadas de envolvimento no crime que chocou o país. Uma das presas é a filha do casal, Ana Flávia Gonçalves. A outra é a namorada dela, Carina Ramos. Os outros dois presos são Juliano de Oliveira Ramos Júnior e Guilherme Ramos da Silva.
Em depoimento, Juliano, que é primo de Carina, confessou participação no crime e implicou Ana Flávia, a filha do casal, no caso. Durante a investigação, a Polícia Civil apurou que Michael havia deixado o ABC paulista e estava escondido na cidade de Avanhandava, onde tem parentes e amigos.
Com o mandado de prisão, os policiais do ABC chegaram até a cidade na manhã desta terça-feira e solicitaram apoio à Delegacia Seccional de Araçatuba. Equipe do GOE deu apoio à ação que resultou na prisão do suspeito.
Ele foi encontrado em uma casa dos avós e não reagiu. No entanto, tentou desviar a atenção dos policiais dizendo que estava na cidade desde o final do ano passado. No entanto, os investigadores apuraram que ele havia chegado na cidade há poucos dias e que nem tinha desfeito as malas ainda. A polícia apurou ainda que Michael estava tirando novos documentos com fotos recentes.
No final da manhã, os policiais do ABC levaram o suspeito para São Bernardo do Campo, onde ele passou parte da tarde prestando depoimento.
O caso
Três corpos carbonizados foram encontrados dentro de um Jeep Compass em uma área de mata na Estrada do Montanhão, área de mata em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, na madrugada de terça-feira (28). Quando as equipes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros chegaram ao local, o veículo ainda estava pegando fogo.
Os corpos eram do casal Flaviana Gonçalves, de 40 anos, e Romuyuki Gonçalves, de 43 anos, e seu filho mais novo, Juan Gonçalves de 15.
A filha mais velha do casal, Ana Flávia Gonçalves, de 24 anos, e a mulher dela, Carina Ramos, de 31, tiveram prisão temporária de 30 dias decretada na noite de quarta-feira (29). A polícia justificou o pedido de prisão alegando contradições no depoimento do casal.
De acordo com a polícia, as suspeitas mencionaram que a família tinha uma dívida com um agiota e que Flaviana teria saído de casa de madrugada para realizar o pagamento e depois seguiria para Minas Gerais. A presença do adolescente no carro, porém, fez a polícia desconfiar da versão. A Polícia Civil já tinha como uma das linhas de apuração uma possível briga familiar. Os pais, segundo os investigadores, não aceitavam o relacionamento da filha com outra mulher.
Investigação
Na primeira visita da polícia à casa onde a família morava, em um condomínio de Santo André, os agentes encontraram o imóvel revirado, além de marcas de sangue pelos cômodos.
Os investigadores consideraram estranho a residência estar nestas condições, pois não havia sinais de arrombamento. Do local foram roubados eletrodomésticos, cerca de R$ 8 mil, dólares, joias e uma arma.
De acordo com a perícia, litros de água sanitária e manchas de sangue foram encontrados no quarto do adolescente. Também foram localizadas manchas de sangue em peças de roupa de Ana Flávia, a filha.
Um laudo preliminar da polícia apontou que, antes de terem seus corpos carbonizados, as três vítimas morreram com pauladas na cabeça. Como todos os golpes foram do lado direito, a suspeita é de que o autor seja canhoto. Uma testemunha que está sendo preservada contou aos policiais que ouviu barulhos estranhos vindos da casa onde as vítimas moravam, em Santo André.
Uma testemunha revelou que viu um homem de cerca de 1,90 m de altura, junto com as duas suspeitas, na noite do crime, carregando algo pesado para o carro. A investigação quer saber se seriam os corpos das vítimas, já mortas na casa.
Câmeras
As suspeitas sobre a filha ganharam força depois de as imagens da câmera de segurança mostrarem que ela e a mulher estavam na casa na noite do crime. Por diversas vezes, as duas foram flagradas manobrando os carros da família. O carro de Ana Flávia e Carina também é visto entrando e saindo do local várias vezes.
Em depoimento à polícia, Carina, que chegou às 20h ao local, alegou ter entrado por volta das 22h. Câmeras mostram que ela usava um casaco com capuz, mesmo fazendo calor, o que também gerou desconfiança da polícia.
Quando o veículo da família deixa o condomínio, por volta de 1h, o carro de Carina e Ana Flávia sai na frente. Duas horas depois, os corpos de Flaviana, Romuyuki e Juan são encontrados.
Segundo a polícia, ao serem questionadas para onde seguiram após deixarem o condomínio, cada uma das suspeitas disse que se dirigiram a lugar diferente. A polícia pediu quebra do sigilo telefônico das duas mulheres para analisar sua troca de mensagens.
Lucas Domingos, então advogado do casal, negou qualquer tipo de participação das duas com o crime e disse não ter certeza se há contradições em seus depoimentos.
A polícia investiga se Flaviana, a mãe, teria sido obrigada a dirigir seu próprio carro com os corpos do marido e do filho. Imagens de câmeras de segurança do condomínio mostram o momento da saída do Jeep que, mais tarde, seria encontrado com os três mortos.
Também está sendo apurada a hipótese de Flaviana ter sido rendida antes mesmo de chegar em casa e de seu corpo ter sido transportado no porta-malas junto com os outros dois.
Há a suspeita ainda de que uma sexta pessoa tenha participado, levando o grupo da cena do crime depois que o carro foi queimado. A investigação está em curso.