Apesar de ainda não ter concluído os trabalhos de investigação do assassinato e esquartejamento do corpo do advogado e músico Ronaldo César Capelari, 53 anos, no início desta semana em Araçatuba, a Polícia já trata o caso como latrocínio (matar para roubar) e ocultação de cadáver. A conclusão ainda depende de laudo do Instituto de Criminalística e resultados de exames de DNA.
O delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais), Antônio Paulo Natal, acompanhado pelos delegados Rodolfo Carlos de Oliveira e Pedro Paulo Negri, concedeu uma entrevista coletiva à imprensa para falar sobre o desdobramento das investigações, que resultaram inclusive na revogação da prisão de três rapazes que haviam sido detidos com base em falsos depoimentos da acusada, Laís Lorena Crepaldi, 20 anos, que tinha como principal objetivo tentar acobertar a participação de seu namorado no crime, Jonathan de Andrade Nascimento, 21 anos.
O delegado Paulo Natal disse que em mais de 20 anos de Polícia nunca tinha visto um crime tão bárbaro como este que vitimou advogado. Ele disse que até agra as investigações apontam como principais acusados Laís Lorena e Nascimento. De acordo com ele, ambos apresentaram muita frieza e a moça só demostrou arrependimento uma única vez, e o motivo nem foi a morte do advogado, e sim o fato dela ter acusado três rapazes que, segundo investigações, não teriam tido nenhuma participação no caso.
Funcionários da delegacia disseram que a moça conversou e por várias vezes deu risadas durante o período em que ficou detida na carceragem da CPJ, como se nada tivesse acontecido.
Nas redes sociais surgiram várias hipóteses e especulações sobre o motivo e a forma em que o crime aconteceu. A versão oficial foi apresentada pela Polícia nesta sexta-feira, e revela que a vítima passou por sofrimento intenso, atacada por marteladas e facadas, chegando a ficar gemente e agonizando antes de morrer.
A VERSÃO OFICIAL
Natal disse que após a série de interrogatórios, a versão oficial que a polícia está utilizando na linha de investigação é de que apenas o casal participou da ação. No entanto, por enquanto não está descartada a hipótese de outras pessoas terem tido participação, o que ainda depende de resultados dos laudos do Instituto de Criminalística da Polícia Científica.
Para o delegado, o advogado foi atraído até a casa pela jovem, a qual ele conhecia há quatro meses. Ela o chamou para ir até sua casa, uma edícula na esquina das ruas Waldir Cunha com Salvador Barreto de Menezes. Ela e o namorado já aguardavam no interior da casa, mas o advogado pensava que apenas Laís Lorena estivesse no local.
Segundo a moça, ela havia combinado com Nascimento de assaltar Capelari. Assim que entrou na edícula ele demonstrou reação de surpresa ao ver um rapaz (Nascimento) na casa. Ele rapidamente deu uma martelada na cabeça da vítima, que perdeu os sentidos e ao retomar, tentou reagir e foi novamente golpeado com um golpe de martelo na cabeça.
Ele caiu e começou a gemer, e se debater no chão. O rapaz colocou um capuz na cabeça do advogado e prendeu com fita isolante. A moça alega que o combinado era apenas assaltar, e não matar a vítima. No entanto, quando os dois perceberam que o advogado estava bastante ferido, decidiram mata-lo. Ele já estava agonizando e com a cabeça coberta por um capuz quando começou a ser golpeado com facadas por Nascimento, e acabou morrendo. O intervalo de tempo entre sua chegada na casa, até a morte, foi de uma hora e meia.
Os casal roubou o celular do advogado e R$ 200, em quatro notas de R$ 50, que foram recuperadas dentro do guarda-roupas na casa de Nascimento
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ESQUARTEJAMENTO
Com a vítima já sem vida, Nascimento tentou colocar o corpo na caçamba da caminhonete para tirar do local. No entanto, não teve força física para carregar o corpo. Ele chegou a pegar um pedaço de madeirite que servia como base para um espelho da cabeceira de uma cama de casal, para fazer uma rampa e tentar arrastar o corpo, puxando por uma corda amarrada ao pescoço.
A alternativa também não deu certo. A partir deste momento teve a ideia de esquartejar o corpo e levar em partes, porque aí seria possível carregar sem depender da caminhonete da vítima. O crime foi na noite de segunda-feira (13), e na madrugada de terça ele decidiu desovar a caminhonete.
O rapaz disse que foi sozinho com o veículo até a estrada de terra após a divisa entre Araçatuba e Birigui, abandou o veículo e voltou a pé. No dia seguinte, terça-feira (14), providenciou luvas cirúrgicas, sacos plásticos facas e uma serra do pai dele, foi até o local para esquartejar a vítima.
A Polícia apurou que foi o rapaz quem cortou o corpo do advogado, usando duas facas e a serra. A moça acompanhou a ação auxiliando o rapaz, passando as ferramentas. O trabalho durou cerca de uma hora e meia.
O casal decidiu dar fim primeiramente no celular e nas mãos da vítima, jogando no ribeirão Baguaçu, para que a correnteza levasse embora. Eles iam desovar o corpo na noite de terça-feira, mas, a Polícia Militar chegou antes na edícula de Laís Lorena, após denúncia anônima, e encontrou o corpo esquartejado acondicionado em três sacos plásticos no banheiro do imóvel.
Falsa acusação
O delegado disse que a própria moça confessou ter acusado injustamente os três rapazes presos incialmente para poder desviar o foco das atenções sobre seu namorado. Ela disse que conhecia um dos rapazes, e como ele havia passado recentemente em sua casa, foi o primeiro nome que veio em mente ao ser questionada sobre ajuda de comparsas. Ela ainda citou os outros dois rapazes, que afirma não conhecer, mas que sempre estão com o jovem que ela acusou primeiro. Toda a versão apresentada nesta sexta-feira pela polícia foi com base nas investigações e depoimentos do casal.
Paulo Natal disse que os laudos do Instituto de Criminalística poderão indicar se havia possibilidade de ter mais pessoas na cena do crime. As investigações continuam e apesar de já ter esta linha de trabalho, por enquanto, nada está descartado.