A disparada do preço da carne em novembro, que puxou a inflação do mês, chamou a atenção dos consumidores. Mas outro item muito popular na mesa do brasileiro também vem tendo uma alta expressiva nos últimos meses: o feijão. A Folha da Região fez um levantamento nos principais supermercados da cidade e constatou um aumento de quase 50% no produto.
O feijão carioca, produto mais consumido entre os brasileiros, passou de R$ 4,99 para R$ 5,99, o que representa um aumento de 20%. Já em outro supermercado, o produto tinha uma faixa de preço de R$ 2,99 e subiu para R$ 4,44, representando uma alta de 48,49%. De acordo com especialistas, além da entressafra, a alta se explica por complicações climáticas e redução das áreas plantadas. Muitos produtores trocaram a área de feijão para o cultivo de milho e soja – produtos de exportação.
Quem sofre com esse aumento são os consumidores. A dona de casa Meire Oliveira, 53 anos, comenta que quem sofre sempre com esses reajustes são os mais humildes. “Estou achando tudo isso um horror. Começou primeiro com o aumento do preço da carne, agora vamos sofrer com o preço do feijão. A gente precisa consumir. O governo não tem dado amparo e assistência para o povo brasileiro, que precisa se alimentar”, disse ela.
A diarista Flávia Regina Serafim Dias, de 41 anos, reclama que hoje tudo tem subido, menos o salário das pessoas. “Eu fui fazer compra há pouco tempo e me assustei. Fiquei procurando promoções, mas não encontrei nada. Voltei sem a quantidade de feijão que eu queria levar para casa. Em uma compra de um mês que estou acostumada, voltei apenas com um quilo de feijão. A cesta básica está aumentando, mas o nosso salário se encontra totalmente defasado. Não está acompanhando a inflação e os preços de mercado. Ficamos nos perguntando o que vamos comer. Vamos com o mesmo valor do mês passado no mercado e não trazemos o mesmo de antes. Temos que ficar escolhendo o que levar e o que deixar de lado todo mês”.
No Brasil, em um ano, até novembro, a carne bovina subiu 14,43%. No mesmo período, três variedades de feijão registraram altas maiores: feijão-branco (64,36%), feijão-carioca (42,88%) e feijão-fradinho (21,61%). Essas altas registradas são valores médios para o país. Os preços variam por região. Assim, o consumidor pode encontrar altas maiores ou menores quando vai às compras.
As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (6) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e fazem parte do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial no Brasil. A inflação subiu 0,51% em novembro, o pior resultado para o mês desde 2015, impulsionada pela disparada do preço da carne.
De acordo com o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, o feijão subiu significativamente no começo do ano, no período de entressafra. Depois, no meio do ano, o preço caiu, com a segunda safra. Em novembro, os feijões carioca (6,66%), branco (5,02%) e fradinho (4,53%) subiram, enquanto o preto (-1,71%) e o mulatinho (-8,15%), caíram. O impacto do preço da carne no resultado da inflação é maior do que o do preço do feijão, porque a carne é mais cara. Então, ainda que o feijão tenha tido um aumento maior, impacta menos o IPCA, segundo Kislanov.