Investigação realizada desde o começo do ano pela Polícia Civil aponta que centenas de pessoas no país caíram no golpe do investimento por meio da compra de moedas virtuais de uma empresa que opera a partir de Araçatuba.
O prejuízo seria de pelo menos R$ 5 milhões, segundo um levantamento ainda em curso da Delegacia Seccional de Araçatuba.
Nesta terça-feira (17), policiais civis cumpriram sete mandados de busca no âmbito da operação Lucro Fácil, desencadeada para desarticular o esquema.
Segundo o delegado Alessander Lopes Dias, assistente da Delegacia Seccional de Araçatuba, o alvo principal da açã foi a empresa E-bit FX, que tem sede no 3º andar do edifício comercial New York Tower, na avenida Brasília, em Araçatuba.
Os investigadores, acompanhados por dois delegados chegaram ao local pouco depois das 8h da manhã. Uma funcionária estava na empresa. Lá, os policiais apreenderam documentos, contratos e computadores com registro das transações.
Segundo a polícia, a empresa oferecia lucros bem acima do mercado para investidores interessados na compra de moedas virtuais ou cotas envolvendo várias criptomoedas. A empresa funcionava como se fosse uma corretora. Conforme apuração da polícia civil, os clientes recebiam os supostos lucros apenas nos primeiros meses de investimento.
Acreditando em lucros vultuosos, muitos deles investiam pesado. Segundo a polícia, a partir de então, o golpe era aplicado e os clientes ficavam sem mais nenhuma contato com a empresa e com o seu dinheiro.
“Eles faziam a pessoa acreditar que o negócio era muito vantajoso, mas depois cortavam o contato sem devolver o dinheiro”, contou o delegado. (veja mais no vídeo abaixo)
Segundo ele, só no Estado de São Paulo, foram identificados, até o momento, pelo menos 30 ocorrências de pessoas que se sentiram lesadas financeiramente pela empresa. Há várias ações na Justiça contra a empresa, que tem como sócio presidente o empresário Luciano Hespporte Iwamoto.
A Polícia Civil também cumpriu mandado de busca e apreensão na casa dele e na casa dos pais dele. O empresário não foi localizado. Ainda segundo investigação da Polícia Civil, a outra sócia da empresa é Andressa Xavier Mathia, de Birigui.
Os investigadores acreditam que ela entrou no esquema como ‘laranja’. Andressa moraria na Vila Bandeirantes, em uma casa humilde para os padrões da sociedade.
A empresa E-bit Intermediação S/A foi aberta em 2018 com capitão social de R$ 1 milhão e faturamento presumido anual de R$ 360 mil a R$ 4,8 milhões. Segundo a polícia, a empresa não tem registro na Comissão de Valores Mobiliários para realizar a comercialização de moedas virtuais.
Contrato de confidencialidade
Na sede da empresa, os policiais civis apreenderam contratos de confidencialidade que eram assinados pelos funcionários contratados.
Pelo contrato, os funcionários não podem falar sobre a atividade da empresa e ou outras ações ocorridas na firma.
Para os policiais, o contrato seria uma forma de calar a boca de funcionários e ex-funcionários sobre a atividade da empresa.
Um revólver municiado foi apreendido no escritório da empresa. A arma está registrada no nome de detetive particular que mora em Araçatuba.
A partir de agora, a Polícia Civil vai analisar os computadores e documentos apreendidos na operação para incorporar provas documentais ao inquérito. O caso segue em investigação.
OUTRO LADO
O advogado Elber Carvalho de Souza, que representa a empresa E-bit FX, disse que foi pego de surpresa com a ação da Polícia Civil.
“A gente não sabe do que se trata e estamos aqui na delegacia para tomar conhecimento da situação”, disse ele à imprensa. Segundo o advogado, a arma apreendida no escritório pertence a uma pessoa ligada à empresa e que está legalizada.
“Vou entrar com pedido de restituição dessa arma”, observou. Sobre o dono da empresa, o advogado disse que Luciano Hespporte Iwamoto prestará todas as informações solicitadas pela polícia. (veja mais no vídeo abaixo)