O Colégio Cetea (Centro de ensino e tecnologia de Araçatuba), a partir do próximo ano, traz uma nova vertente em seu ensino infantil, fundamental e médio: o Colégio Cívico Araçatuba.
Segundo o diretor e professor, Dr. Marco Antônio Rodrigues Fernandes, o objetivo do projeto é oferecer um ensino moldado nos conceitos cívicos e de responsabilidade social.
Antes de falar sobre as mudanças e metas que pretende alcançar no próximo ano, o diretor explica que, diferente de como alguns pensam, não será uma escola militar. Ele conta que muitas pessoas, ao verem os folhetos e outdoors espalhados pela cidade, associaram o projeto à escola militar.
Também existe o colégio militar no Estado de São Paulo, mantido pela Cruz Azul, órgão da Polícia Militar, que cuida da saúde e educação dos militares e seus dependentes.
“Não há relacionamento com as duas instituições, no nosso caso, é uma iniciativa privada. O que temos em comum são os valores promovidos, como respeito à família, ao professor, às autoridades e colaboradores”, declara.
Uma das propostas para a educação nas eleições de 2018, defendida pelo atual Presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), foi a militarização das escolas, coordenada por civis, em conjunto a oficiais militares que possuem magistério específico. Os estados que manifestassem interesse em participar, receberiam verbas para investimento e mantimento.
São Paulo não havia aderido, até o início deste mês, quando o governador João Dória anunciou o ingresso do estado no programa Escolas Cívico-Militares do Ministério da Educação (MEC).
O MEC vai liberar R$ 54 milhões para o programa em 2020, sendo R$ 1 milhão por escola. O dinheiro será investido no pagamento de pessoal em algumas instituições e na melhoria de infraestrutura, compra de material escolar e reformas, entre outras intervenções. A primeira unidade de escola militar no estado será o Colégio Militar SP, que tem previsão de inauguração em 2020, sendo o 14ª colégio militar no país.
O colégio Cetea, voltado para profissionalização e cursos técnicos, continuará a funcionar. A transformação acontece dentro do ensino básico da instituição.
A proposta para 2020 é uma mudança no regimento escolar e acadêmico, fortalecendo princípios éticos, cívicos e patriotas. “Queremos resgatar a disciplina e o respeito pelos valores humanos, incentivando atividades de cooperação e solidariedade. Não é o que muitos imaginam, onde os alunos vão bater continência”.
De acordo com os planos, o colégio terá uma coordenação cívica com representantes de diversos setores, comandada pelo Tenente Galves, aposentado do Batalhão de Polícia Rodoviária de Araçatuba, com formação humanitária. “O aluno vai cantar o hino nacional, hastear a bandeira, conhecer nossos brasões, entender o que significa cada estrela da bandeira”, comenta.
As novas diretrizes ainda incluem ensino em período integral, orientação vocacional, integração da escola com a família, programa de valorização e premiação dos estudantes, educação anti-droga, educação financeira, banda musical acadêmica, entre outros.
Além da mudança no regimento escolar, reformas na infraestrutura também fazem parte do projeto, como uma nova quadra de esportes.
Para o diretor, o papel da escola é ensinar, junto à educação dada pela família. Atitudes simples, como levantar da carteira com a chegada de uma autoridade e se organizar em filas, serão incentivadas pela instituição.
“Essas pequenas ações, se trabalhadas na infância, tornam-se diferenciais na vida do aluno, porque geram disciplina e paciência”.
Com mais de 30 anos de experiência na área acadêmica, para Fernandes, houve um declínio no nível de educação do Brasil. O diretor, que também leciona em universidades pública e privada, refere a si mesmo como exemplo de rigidez.
“Eu exijo bastante dos meus alunos, o que às vezes pode incomodar. Porém, os pais precisam entender o projeto, que é importante para formação do jovem como estudante e cidadão. Os programas educacionais precisam contemplar os conceitos morais e éticos”.
O projeto foi apresentado aos professores e colaboradores, para posteriormente ser de conhecimento dos pais e alunos. A coordenadora pedagógica, Cristiane Lopes Trindade, ressalta que a ideia foi muito bem recebida, principalmente pelos jovens, que se mostraram interessados pelas novidades.
Por: Letícia Leite/ Folha da Região