A obra para construção de dois galpões cujas paredes desabaram na tarde desta terça-feira, no bairro Concórdia 3, em Araçatuba, resultando na morte do servente de pedreiro Givanildo Vieira dos Santos, 31 anos, não tinha um projeto e nem acompanhamento de engenheiro responsável. A informação foi passada à polícia pelo pedreiro Raphael Teodoro Fagundes, 31 anos, contratado para executar a obra.
De acordo com informações do pedreiro, ele foi contratado pelos proprietários do terreno, um vendedor de 38 anos e um mecânico de 30 anos. O contrato foi fechado no final de julho e ele afirma ter perguntado sobre o projeto para a construção dos galpões, tendo recebido a informação de que não havia um projeto.
O pedreiro disse ter recebido a informação de que quando o imóvel estivesse pronto, os proprietários iriam atrás de uma ART (Anotação de Responsabilidade Técnica, um documento fornecido por um engenheiro, emitido através do sistema do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) onde o profissional se coloca na posição de responsável, orientador ou fiscalizador de determinado trabalho), para dar entrada na prefeitura.
O pedreiro também afirmou, conforme consta do boletim de ocorrência, que não havia nenhum engenheiro tocando a obra, mas que tudo estava sendo feito dentro dos padrões, com vigas verticais a cada três metros e vigas horizontais a cada um metro de altura, e que a queda dos muros se deu em função da ventania que passou pelo bairro.
A reportagem do Regional Press entrou em contato com o vendedor de 38 anos, Washington Luis dos Prazeres, apontado como um dos donos do terreno, para questionar sobre o projeto da obra. Ele informou que é apenas proprietário do terreno, e que seu sócio, o mecânico Anderson Azevedo Santos, que estava construindo os barracões.
Washington disse que não tem muita informação a respeito das contratações e projetos, que estavam sendo cuidados pelo sócio. Mas, segundo ele, o pedreiro chegou a ir ao local com projetos para a construção. A reportagem tentou manter contato com o mecânico que seria o responsável pela contratação da obra, mas não conseguiu contato telefônico.
Após avaliação do Corpo de Bombeiros e também laudo da Defesa Civil, o restante das paredes que estavam com risco de desabar foram derrubadas. A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o caso e os responsáveis poderão ser indiciados por homicídio culposo.
Em declaração à Polícia Militar, o pedreiro que “tocava” a obra disse que havia conhecido o servente Givanildo Vieira dos Santos em outra obra no mesmo bairro. Fazia 20 dias que ele estava trabalhando na construção dos galpões.
Na tarde desta terça-feira, durante um forte vendaval, ele foi atingido por escombros após a queda de duas paredes, em um efeito dominó, e morreu na hora. Ele limpava uma betoneira quando a parede desabou. Antes da queda, o servente ainda tentou correr, mas ao invés de ir para a rua, ele correu em direção a outra parede no interior do prédio, e acabou sendo atingido quando estava perto de um andaime.