(Folha da Região) De janeiro até agosto o município de Araçatuba já teve registrado 752 boletins de ocorrência de violência doméstica. Os números são variáveis, mas se mantém dentro de uma média, podendo oscilar com pequeno aumento ou redução ano a ano.
A delegada titular da Delegacia de Defesa da Mulher, Luciana Pistori Frascino, fala sobre o perfil de vítimas e agressores, e deixa um alerta para as mulheres. A delegada disse que os números sempre se mantém dentro de um determinado patamar.
Entre janeiro a agosto do ano passado, por exemplo, haviam sido registrados 787 ocorrências, uma diferença de aproximadamente 5% a mais do que os registros do mesmo período deste ano. Nos 12 meses de 2018 foram registrado em Araçatuba um total de 890 ocorrências, sendo que no em 2017 foram 1.089. Luciana explica que tem um panorama com relação ao perfil dos agressores e das vítimas.
Segundo ela, a maioria das ocorrências envolve famílias de classe média e baixa, e raramente se vê caso de agressões de mulheres contra homens. Em 99% dos casos as mulheres são as vítimas. Deste público, a maioria possui independência financeira e não dependem do marido para se sustentar. E dentro deste cenário, conforme disse a delegada, em muitos casos inclusive as mulheres que estão sustentando a casa e os maridos, agressores, estão desempregados. “Talvez na tentativa de mostrar que eles mandam, acabam partindo para as vias de fato”, explica.
Dentro das ocorrências registradas, é possível ver que a maioria dos envolvidos tem faixa etária entre 20 a 50 anos. Os casos que entram na estatística de violência doméstica envolvem os mais diversos tipos de crime, como lesão corporal, estupro, crimes contra a honra e crimes contra o patrimônio. A maioria são por crimes contra a honra e lesão corporal.
A delegada explica que geralmente a vítima procura ajuda na delegacia quando a situação já está insustentável e ela quer dar um basta na relação, e os companheiros não aceitam, gerando os conflitos que acabam virando caso de polícia.
Segundo ela, é comum ver nos relatos que as agressões começam como ofensas e ataques verbais, e aos poucos vão evoluindo passando a empurrões e vias de fato, podendo até chegar a um homicídio. “Por isso é importante que a vítima, ao perceber qualquer mudança de comportamento e sinal de ameaça, procure a polícia, para não deixar acontecer essa evolução piorando a situação”, alerta.
Luciana também diz que na maioria dos casos os agressores têm problemas com alcoolismo ou uso de entorpecentes, e às vezes, têm os dois vícios. “Isso piora a situação, porque eles ficam sem paciência e ainda mais agressivos”. A delegada diz que muitas vezes a mulher acaba tendo vergonha de ir até uma delegacia para fazer a denúncia. No entanto, ela afirma que é muito importante denunciar ao invés de tentar esconder a situação ou achar que o problema vai acabar.
Para quem não quiser ir a uma delegacia, pelo menos deve procurar ajuda em órgãos que dão apoio às mulheres vítimas de violência, como o caso do CRM (Centro de Referência da Mulher) em Araçatuba, onde as vítimas recebem orientações e encaminhamentos, inclusive de psicólogos e assistência jurídica.
O CRM Inaugurado em maio de 2010, o Centro de Referência da Mulher em Araçatuba leva o nome de Josymary Aparecida Carranza, que ocupou o cargo de assistente social da Divisão Regional de Assistência e Desenvolvimento Social (DRADS), e foi assassinada por seu marido em 1986. O CRM foi criado com o objetivo de acolher mulheres vítimas de violência e contribuir para o resgate de sua autoestima. Entre os serviços ofertados estão acolhimento, atendimento socioassistencial, atendimento psicológico e orientação jurídica, através de parceria com a Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
Ainda há oficinas de reflexão e encaminhamentos para outros programas da Rede de Proteção Social. Também fazem parte do trabalho do CRM visitas domiciliares, palestras de divulgação e contatos interinstitucionais, entre outras ações. O CRM em Araçatuba fica na rua Chiquita Fernandes, 615, bairro Bandeiras. Telefone (18) 3623-4909.