(FOLHAPRESS) – A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou nesta sexta-feira (30) duas novas mortes por sarampo.
As vítimas são dois bebês: uma menina de quatro meses, de Barueri, e um menino de nove meses, que morava na capital paulista.
Com a confirmação, já são três mortes por sarampo neste ano. O primeiro óbito foi confirmado na terça-feira (28). O paciente era um homem de 42 anos, sem histórico de vacinação e que havia passado por uma cirurgia para retirada do baço, órgão que faz parte do sistema linfático e ajuda na defesa do organismo.
As novas mortes foram registradas nos dias 2 e 6 de agosto. Em ambos os casos, os bebês começaram a apresentar sintomas de sarampo ainda no mês de julho e desenvolveram quadro de pneumonia, uma das complicações vinculadas ao sarampo.
Atualmente, a faixa etária de menores de um ano, que não faz parte do calendário nacional de vacinação, corresponde ao grupo mais vulnerável ao sarampo.
A situação levou o Ministério da Saúde a passar a recomendar, desde a última semana, uma dose extra para bebês a partir de seis meses. O objetivo é garantir que haja uma proteção para esse grupo.
Chamada de dose zero, a vacinação não exclui a necessidade de receber as demais doses, aplicadas aos 12 meses, por meio da tríplice viral, e aos 15 meses, por meio da tetraviral ou vacina tríplice viral associada à varicela.
A eficácia da vacina é maior conforme para aqueles com esquema vacinal completo. Segundo a diretora-técnica da divisão de imunizações da secretaria de estado de São Paulo, Helena Sato, bebês são considerados mais suscetíveis a complicações que, embora não sejam frequentes, podem estar relacionadas ao sarampo. Além da pneumonia, outra complicação possível é a encefalite.
Ela reforça a necessidade de aderir à dose extra indicada para proteção dessa faixa etária. “É fundamental que as crianças a partir dos seis já tomem a vacina contra o sarampo. Também é importante que essas crianças retornem ao posto de vacinação com um ano e ao completar um ano e três meses para garantir a proteção”, afirma.
De acordo com Sato, a recomendação para pais de crianças com idade inferior a seis meses é evitar exposição a aglomerações, manter higienização adequada e ventilação de ambientes.
Em caso de qualquer sintoma da doença, como manchas vermelhas pelo corpo, febre, coriza, conjuntivite e manchas brancas na mucosa bucal, a recomendação é procurar serviços de saúde imediatamente. Somente esses locais podem avaliar e dar as recomendações necessárias.
Atualmente, o estado de São Paulo já soma 2.457 casos confirmados de sarampo. Destes, 1.637 se concentram na capital, ou 66,6%. Segundo a secretaria de saúde, esses são os primeiros registros de mortes por sarampo desde 1997, ano que houve 23 mortes pela doença.
TIRE SUAS DÚVIDAS SOBRE O SARAMPO
A reportagem elencou as principais dúvidas sobre o sarampo e a respeito da campanha de vacinação realizada em são Paulo.
O que é sarampo?
É uma doença infecciosa aguda transmitida por um vírus, caracterizada por manchas na pele. A doença estava erradicada no Brasil, mas voltou. Uma das razões é a baixa cobertura vacinal, ou seja, as pessoas deixaram de se vacinar.
Como é transmitido?
A transmissão acontece pela saliva, carregada pelo ar (quando a pessoa tosse, fala ou espirra). Ou seja, é altamente contagiosa.
Quais os sintomas?
Febre alta (acima de 38,5°C), manchas vermelhas na cabeça e no corpo, tosse, dor de cabeça, coriza e conjuntivite.
Sarampo pode matar?
Sim. É uma doença que traz complicações graves, inclusive neurológicas, e pode levar à morte. Também pode deixar sequelas como a surdez.
Como é o tratamento?
O doente é isolado e apenas os sintomas são tratados. Por isso, a vacinação é a ferramenta mais eficaz no combate à doença.
O que fazer em caso de suspeita?
Encaminhar o paciente a um serviço de saúde, que por sua vez notificará a vigilância epidemiológica para que esta vacine quem teve contato com o doente.
Quem deve se vacinar?
Bebês de 6 meses a 11 meses e 29 dias devem tomar a dose da campanha e as duas do calendário nacional de imunização, aos 12 meses e 15 meses; crianças e jovens de até 29 anos precisam ter tomado duas doses da vacina –quem tem de 30 a 59 anos, apenas uma dose.
A maioria das pessoas com mais de 60 anos não precisa da vacina, pois já teve contato com o vírus. Na dúvida sobre ter ou não tomado a vacina na infância, é melhor tomá-la agora. Não é preciso levar a carteirinha de vacinação.
Em ações de bloqueio, quando identificado caso suspeito da doença, todos devem tomar a vacina, que é uma imunização pontual.
Onde é feita a vacinação?
Em postos de saúde e, durante a campanha, em pontos anunciados pelo governo, como estações do metrô.
Quais as reações à vacina?
Febre e dor no local da injeção, com possível inchaço. Não há reações neurológicas. A vacina NÃO causa autismo.
Quem não pode se vacinar?
Gestantes, transplantados, quem faz quimioterapia e radioterapia, ou usa corticoides ou tem HIV com CD4 menor que 200. Alérgicos a ovo e lactantes podem tomar a vacina.
Por quanto tempo a vacina vale?
Para quem completou as duas doses (ou uma dose até 1989), vale pela vida toda.