BARRETOS, SP (FOLHAPRESS) – Eles são adversários, mas um deles precisa muito do outro para conseguir vencer. Peões em busca do prêmio de R$ 280 mil na fase internacional da Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos têm de derrotar os touros nas montarias, mas dependem da boa performance dos animais para terem boas notas.
O Barretos International Rodeo, que teve início na noite desta quinta-feira (22) no Parque do Peão de Barretos (a 423 km de São Paulo), reúne até domingo (25) 47 peões brasileiros e canadenses em busca da consagração na maior arena de rodeios do país.
Um touro que pule muito e tenha forte desempenho na arena é importante para o peão nas provas, já que ambos são avaliados pelos juízes. A nota da montaria vai de 0 a 100 e é atribuída ao desempenho do peão e do touro.
Cada um é avaliado entre 0 e 50 pontos, desde que a montaria atinja o tempo estabelecido de 8 segundos -se o peão cair antes, a nota é zero. Na noite de abertura, quatro peões conseguiram notas acima de 90 pontos, consideradas excelentes.
Entre os animais estão touros da Cia 2M, do tropeiro Marcondes Maia, 45, que preparou dez animais para a etapa internacional.
São touros que recebem ração balanceada, suplementação nutricional e têm veterinários em tempo integral. Chegam a pesar mais de uma tonelada.
“Como toda atividade no campo, o manejo é essencial, é o que permite que o touro tenha um bom desenvolvimento”, afirmou Maia. Sua propriedade rural tem um laboratório para a realização de exames preliminares nos touros e pequenas cirurgias.
O custo mensal de manutenção de um touro pode chegar a R$ 3.000, dependendo do porte físico do animal.
Campeão em 1999, quando faturou US$ 20 mil (R$ 81 mil, ao câmbio desta sexta), o ex-peão Neyliowan Tomazeli, 41, disse que Barretos é uma vitrine e que o campeão marca seu nome para sempre na história dos rodeios no país.
“Todos miram isso. Claro que querem ganhar sempre, mas vencer em Barretos o eterniza”, disse ele, que investiu os mais de 40 títulos na carreira em duas fazendas de gado de leite.
Em 26 edições da etapa internacional já disputadas, os brasileiros têm hegemonia absoluta: venceram 26, ante 1 vitória de um peão dos EUA, Ted Wad Flora, em 2012.
Além de o total de competidores do país ser maior, peões e tropeiros afirmam que isso se deve também à forma de pular dos touros brasileiros em relação aos norte-americanos -o brasileiro muda mais o lado do pulo durante a montaria, por exemplo.
A internacionalização não atinge só o rodeio profissional. No rodeio júnior, destinado a peões de até 17 anos, há também um competidor dos EUA.
PROVAS
O rodeio internacional é um dos seis eventos com montarias em touros disputados desde o último dia 15 em Barretos.
No primeiro final de semana, Mato Grosso venceu o rodeio interestadual e garantiu vaga aos cinco peões da equipe na fase internacional.
Entre os dias 19 e 21, foi realizada a semifinal da LNR (Liga Nacional de Rodeio), que classificou dez competidores para a final, neste sábado.
“O nível das montarias está muito forte. O intercâmbio feito com entidades como a PRCA [Professional Rodeo Cowboys Association, dos EUA] permite o aprimoramento dos peões”, afirmou Marcos Abud, diretor de rodeios da Festa do Peão.
Neste final de semana ainda estão sendo disputados o rodeio júnior, as finais do campeonato da CNAR (Confederação Nacional de Rodeio).
A premiação total será de cerca de R$ 1 milhão, somadas todas as modalidades em disputa -incluindo as provas em cavalos, como três tambores e team penning.
Prova genuinamente nacional, a montaria em cavalos (chamada de cutiano), que originou as festas de peão, dará ao seu campeão um veículo de R$ 80 mil. O prêmio do campeão em touros, de R$ 280 mil, é uma camionete neste valor.