Hélio Consolaro
Não esperava ver a administração do prefeito Dilador Borges (PSDB) envolvida em denúncias tão fortes, já que falava em honestidade em sua campanha eleitoral.
Eu sou o único concorrente derrotado, ainda vivo, da eleição de 2016, já que Luís Fernando (PTB) faleceu num acidente de avião, por isso me sinto no dever de me manifestar diante da acusação.
Em conversas familiares com o meu irmão Gervásio Antônio Consolaro (sempre foi PSDB, serviu também os governos estaduais dos tucanos), atualmente serve ao prefeito Dilador Borges na Secretaria Municipal da Fazenda, eu lhe disse que a voracidade do José Avelino Pereira- Chinelo (PSB) por cargos e por outras participações iria comprometer a administração tucana e dar dores de cabeça ao prefeito. Lembre-se que o vereador Papinha (PSB), cria do Chinelo, foi o presidente da Câmara Municipal por dois anos também.
Presidentes da República, governadores e prefeitos, quando acusados de corrupção, nunca vão dizer que sabiam o que estava acontecendo. A frase “Eu não sabia” é uma negativa que ecoa na história da política brasileira, pois o agente da última instância tenta se safar juridicamente da denúncia. E com o Dilador Borges não é diferente. A última assinatura nos processos licitatórios é do prefeito municipal.
A ex-vereadora Edna Flor (PPS) que tanto investigava as outras administrações, como vice-prefeita não desconfiou de nada.
Uma Câmara Municipal com 15 vereadores (30 olhos), cuja função principal é fiscalizar as ações do Executivo não viram o que estava acontecendo (ou não quiseram ver). Os poderes teoricamente são independentes, mas nem tanto na realidade.
A inércia da Câmara Municipal de Araçatuba deu uma zona de conforto para a administração de Dilador Borges, cuja acomodação exigiu a atuação da Polícia Federal.
Não se deve julgar antes das provas, mas investigação para ver se a denúncia da Polícia Federal é verdadeira por parte das autoridades municipais e estaduais é uma necessidade. Pelo menos, constata-se que houve omissão. Se o prefeito fosse do PT, já estaria preso.
Com certeza, haverá muito oportunismo eleitoral diante da denúncia, mas não significa que a população não se mobilize, exigindo a verdade dos fatos e explicações. No movimento do contraditório, a cidadania deve nadar de braçada.
*Araçatuba merece respeito – nome da coligação de Dilador Borges e José Avelino Pereira (Chinelo)
Hélio Consolaro é professor, jornalista e escritor. Candidato a prefeito pelo PT em 2016