Foi emocionante o encontro do taxista Evaldo Dantas Rodrigues com a equipe do Copom da PM de Araçatuba, que ajudou a salvá-lo de dois assaltantes no último dia 8 de julho. A visita ao CPI-10, sede do Copom, ocorreu no final da tarde de ontem (17), nove dias após o crime. Em entrevista ao Regional Press, o taxista conta detalhes de com tudo ocorreu.
Bastante comovido, o taxista, que também é GCM (Guarda Civil Municipal) da ativa, em Araçatuba, agradeceu o empenho dos policiais militares que estavam de plantão naquela fatídica madrugada. “Se hoje eu estou vivo é por causa de vocês”, disse o taxista aos policiais do Copom, unidade responsável pelo atendimento do telefone 190.
E foi o empenho e a destreza da equipe do Copom que possibilitou o resgate do taxista, sequestrado em Araçatuba e encontrado no porta-malas de seu carro, em Penápolis.
O veículo da vítima foi interceptado por uma viatura da PM após o Copom descobrir o modelo e a placa do automóvel.
Tudo começou com uma ligação feita pela própria vítima, que estava rendida no porta-malas. Na sala do Copom, o cabo Sales atendeu o chamado, mas foi difícil identificar, de imediato, o que a vítima dizia.
A PM recebe, diariamente, dezenas de trotes pelo telefone, mas, nesse caso, o policial teve a perspicácia de identificar a veracidade no pedido de socorro da vítima.
Amarrado no porta-malas do carro, o taxista notou que o celular ainda estava no bolso da jaqueta. Ele conseguiu soltar as mãos e ligou para o 190. A ligação durou menos de 30 segundos.
Com voz baixa, a vítima disse que estava sendo assaltada e passou a placa do veículo. Como a ligação estava muito ruim, o policial anotou os números, mas não conseguiu identificar as letras da placa.
Nesse meio tempo, pela luminosidade do celular, os assaltantes notaram que a vítima estava usando o aparelho no porta-malas. Os bandidos, que seguiam para Penápolis, pararam o veículo e tomaram o celular do taxista, que foi espancado.
Ao mesmo tempo, os policiais do Copom, em Araçatuba, tentavam entender o que havia sido passado pela vítima. Por meio da gravação da conversa, o sargento Vitor identificou uma letra da placa.
Os policiais tiveram a ideia de incluir o número do celular da vítima, registrado no sistema, no WhatsApp e assim acessar a foto dele. Um dos PMs reconheceu o taxista e identificou que ele era GCM.
A tensão aumentou. Nesse momento, os policiais souberam que a vítima corria potencial risco de vida por pertencer a uma instituição de segurança.
Por meio de combinações no sistema, os policiais chegaram até a placa exata do carro. A informação foi passada para toda a região.
Com a identificação do carro, a Polícia Rodoviária apurou que o veículo havia passado pela praça de pedágio de Glicério.
De fato, os assaltantes tinham a intenção de chegar até Barbosa. A própria vítima escutou uma conversa entre os dois assaltantes e um terceiro bandido que já os esperava. Mas, os criminosos se perderam ao entrar em Penápolis.
Segundo a vítima, o carro ficou estacionado em uma localidade que depois se descobriu tratar-se do bairro Pereirinha.
SIRENE
Evaldo Dantas contou durante a visita ao quartel que voltou a acreditar que sairia vivo ao escutar uma sirene da Polícia Militar. “Eu estava no porta-malas sem saber o que iria acontecer e foi muito bom ouvir aquele som que renovou a minha esperança”, disse o taxista.
A sirene veio de uma viatura que identificou o carro roubado. Ao notar a PM, os assaltantes tentaram escapar em alta velocidade e chegaram a bater o carro a cerca de 80 km/h em um trailer na rua Ramalho Franco.
Os bandidos fugiram correndo a pé para uma área verde. Bastante machucado, o taxista foi resgatado pela PM e levado para atendimento médico. Os criminosos roubaram a arma do GCM, uma pistola calibre 380, municiada.
O SEQUESTRO
O taxista foi abordado perto do recinto de exposições Clibas de Almeida Prado. “Eu estava dormindo até por volta das 2h da manhã, quando os dois desconhecidos se aproximaram e pediram uma corrida até o bairro Colinas, em Birigui”.
A vítima disse que não desconfiou do crime até um deles pedir para urinar, ainda na rodovia, antes de chegar ao destino. “Nesse momento, eu percebi que estava numa enrascada”, revelou a vítima.
Antes de o carro parar totalmente, o assaltante que estava no banco de trás deu um mata-leão no motorista, que passou a ser agredido e quase desmaiou.
O taxista disse que conseguiu soltar o cinto de segurança e abrir a porta do carro. “Eu saí e os dois me cercaram, foi quando começamos a lutar”. Os criminosos acharam a arma, renderam a vítima e descobriram que ele era GCM. “O momento foi muito tenso pois eles diziam que iriam me matar”.
Foi nesse momento que o taxista foi amarrado e colocado no porta-malas do veículo com o celular no bolso da jaqueta, o que possibilitou a ligação para a PM.
PRISÃO DE UM ASSALTANTE
Após descobrir o celular com a vítima, os bandidos usaram o aparelho do taxista para inserir um chip e foi isso que levou a polícia a identifica-los.
Na fuga, os assaltantes deixaram o celular caído no carro e se separaram. No início da manhã, um dos bandidos ligou para o celular, acreditando que o aparelho estivesse com o outro criminoso.
A polícia apurou que a ligação havia sido feita do celular de um casal de idosos que trabalha perto da rodoviária de Penápolis. Eles haviam emprestado o aparelho para o desconhecido fazer a ligação, sem saber do que se tratava.
Por meio de imagens do circuito de segurança de uma loja da rodoviária, os PMs identificaram um dos criminosos, que pegou um mototáxi perto dali e seguiu para Araçatuba, onde foi abordado e preso minutos depois.
O acusado, de 19 anos, mora no bairro Porto Real 2 e foi autuado em flagrante. O outro criminoso, que reside no mesmo bairro, está sendo procurado. Ele ficou com a arma da vítima. Informações sobre envolvidos no crime devem ser passadas à polícia pelos telefones 190 e 197.
VISITA
No CPI-10, o GCM Evaldo Dantas foi recebido pelo coronel PM Paulo Augusto Leito Motooka; pelos capitães Flávio Zambrosi e Edson Kyuiti; sargentos Vitor e André e por toda equipe do Copom que se empenhou para o sucesso da ocorrência.