Um estudante de Bauru (SP) teve um prejuízo de R$ 27 mil ao tentar realizar o sonho de estudar na Irlanda. O vendedor, que pediu para ter a identidade preservada, investiu o dinheiro em um pacote da agência de intercâmbio Time2 Travel, que encerrou as atividades sem dar explicações aos clientes.
A empresa publicou em suas redes sociais um comunicado dizendo que estava encerrando as atividades “por conta de dificuldades financeiras” e que faria o possível para que os estudantes não fossem prejudicados. No site da agência, são oferecidos pacotes de intercâmbio para países como Irlanda, Austrália e Itália.
Além do curso na Irlanda, o rapaz adquiriu pela agência as passagens aéreas e uma quantia em euros, e agora aguarda um posicionamento da escola. A namorada dele também comprou passagens com a empresa. Os dois embarcariam para o país europeu em setembro.
“Mandei e-mail para a escola na Irlanda e o pagamento não foi feito, minha vaga não está garantida”, conta.
Ele explica ainda que, antes mesmo da publicação da agência nas redes sociais, houve boatos de que a situação da empresa era complicada, mas os consultores negaram a informação.
“Estou totalmente perdido, não sei o que fazer. Juntei esse dinheiro com muito esforço, trabalhei bastante. Esse dinheiro não era só para viajar, iria realizar um sonho”, desabafa.
Uma atendente, que também mora em Bauru e pediu para ter a identidade preservada, conta que gastou cerca de R$ 11 mil com a Time2 Travel. Ela pagou pelo curso em uma escola da Irlanda e ficou no prejuízo.
A mulher explicou que uma amiga que já estuda no país pagou o curso para ela na sede da empresa na Irlanda, mas nem isso garantiu a viagem.
Segundo ela, os consultores não souberam informar o que aconteceu, mas afirmaram que cerca de 955 alunos foram prejudicados.
“Eu não tenho mais dinheiro. Todo o meu dinheiro foi investido nisso e eles não entram em contato, não dão nenhuma explicação”, conta.
Sorocaba
Outra prejudicada foi uma estudante de Sorocaba (SP), que fechou um pacote de intercâmbio com a empresa que incluía escola e acomodação, no início deste ano. Ela diz que já pagou seis parcelas e perdeu cerca de R$ 7 mil.
De acordo com a jovem, que preferiu não se identificar, consultores e funcionários da agência contaram a ela que um sócio da Irlanda desfalcou a empresa e isso refletiu nos contratos no Brasil.
Já a sorocabana Adriana Aparecida da Silva, de 30 anos, que embarcaria para a Irlanda em outubro, conta que investiu cerca de R$ 10 mil.
Ela explicou ao G1 que no primeiro boleto constava o nome da empresa, mas que do segundo em diante o nome que aparecia era de uma pessoa física, que seria o responsável pela agência no Brasil. Ela questionou a Time2 Travel, que disse que aquele era um procedimento normal.
Só que, na quinta-feira (20), ela recebeu um e-mail da escola na Irlanda dizendo que ela não havia sido matriculada e que eles entrariam em contato na próxima segunda-feira (24) para resolver o que poderiam fazer para ajudar.
“Está difícil de digerir tudo isso e ainda tenho esperanças de reaver, de que tudo não passe de um pesadelo. Mesmo assim, ainda têm muitas pessoas ajudando”, comenta.
Os estudantes prejudicados criaram diversos grupos de conversas e estão se ajudando da maneira como podem. Alunos que já estão na Irlanda estão oferecendo suas casas e acomodações para quem ainda for viajar para o país.
O G1 entrou em contato com a Time2 Travel, mas não conseguiu nenhuma resposta até a publicação desta reportagem. Alunos que enviaram e-mail para o endereço informado pela empresa na publicação feita nas redes sociais informaram que também não tiveram retorno.
Em um novo comunicado publicado nas redes sociais na quarta-feira (19), a agência pediu desculpas aos alunos e disse que a equipe de apoio não está conseguindo atender a todos os e-mails e telefonemas.
O comunicado diz ainda que a empresa está disponibilizando um canal direto de negociações e que montou uma equipe de contenção para tentar minimizar os prejuízos e retomar as atividades.
Eles informam ainda que já contataram escolas e parceiros para auxiliá-los “nesse momento difícil e constrangedor” e que não pouparão esforços para tentar solucionar o problema.