A Justiça de Araçatuba está realizando nesta sexta-feira o segundo dia da primeira audiência sobre o caso do mega-assalto contra uma empresa de valores em Araçatuba (SP). No primeiro dia uma das testemunhas ficou emocionada, passou mal ao relembrar detalhes dos momentos de pânico que viveu naquela madrugada e precisou ser levada embora do fórum por policiais do GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil, que estava no local fazendo a escola dos integrantes do poder Judiciário.
No total deverão ser ouvidas nesses dois dias (quinta e sexta-feira), 28 pessoas, sendo que a maioria delas devem prestar depoimento nesta sexta-feira. Entre essas pessoas ouvidas estão vigilantes que estavam dentro da empresa, policiais militares que estavam no quartel que foi alvejado, dois delegados de polícia, policiais civis que participaram das investigações, além de pessoas que moravam na frente da empresa.
Os 14 réus presos poderão acompanhar a audiência por meio de vídeo-conferência sem saírem das unidades prisionais. Após os depoimentos, o juiz deve marcar uma data para colher os depoimentos das testemunhas de defesa. Não há uma data prevista.
Trauma
Quem presenciou parte dos depoimentos disse que era visível a situação traumática dos depoentes, a maioria deles visivelmente abalados ao relembrar o caso, que aconteceu em outubro de 2017, mas na memória de moradores próximos, é como se tivesse sido um fato atual. Um morador que que não quis se identificar, disse que durante a noite sempre vem aquela sensação de medo e angústia, mesmo sabendo que a empresa já não está mais no local. Ele diz que com certeza a mesma sensação é vivida até hoje pelos vizinhos, e que os momentos de terror que pareciam cenário de guerra, dificilmente será esquecido por quem conviveu com aquela situação.
O crime
O assalto aconteceu na madrugada do dia 16 de outubro de 2017. Cerca de 30 criminosos incendiaram veículos para bloquear a saída de viaturas do quartel da Polícia Militar, que fica perto do local do roubo.
Os suspeitos também atiraram contra a entrada do quartel para impedir a saída dos policiais, e houve troca de tiros. Na sequência, outro grupo foi até a empresa de valores e usou dinamite para explodir o prédio.
O policial civil André Luís Ferro da Silva, do Grupo de Operações Especiais (GOE), estava de folga no dia e foi baleado durante a ação e morreu. Além do policial, duas mulheres ficaram feridas durante a ação atingidas por estilhaços de balas.
Os criminosos também usaram um caminhão canavieiro para bloquear a pista da Rodovia Marechal Rondon, no sentido Birigui (SP) a Araçatuba. O grupo rendeu o motorista e deixou o veículo atravessado na pista, depois o incendiaram, impedindo a chegada da polícia.
Na época, os criminosos, armados com um arsenal de guerra, explodiram o prédio da empresa e roubaram R$ 8 milhões.
O Ministério Público denunciou em 27 de agosto de 2018 um total de 18 pessoas, sendo que 15 suspeitos devem responder por latrocínio consumado, latrocínios tentados, incêndio e explosão. Outros três, além desses crimes, também vão responder por associação criminosa. Ao todo, 14 pessoas já estão presas preventivamente e quatro continuam sendo procuradas.